Beatriz estava entrando em uma loja quando viu Oscar se aproximando.
Ele é um simpático senhor de grandes barbas brancas e um sorriso largo no rosto. É uma pessoa em situação de rua que, por onde passa, distribui sorrisos e conversas divertidas. Ela já o havia encontrado, em outro momento, perto de sua casa.
Oscar carregava um grande volume nas costas. Aproximando-se da funcionária da loja, que varria as folhas de outono, caídas na calçada, puxou conversa:
Sabia que carrego nas costas a minha casa? Aqui tenho minhas roupas, meus alimentos e meu cobertor.
Enquanto se desenvolvia a conversa, Beatriz resolveu voltar ao seu carro, estacionado em local próximo.
Ela costuma ter pacotes de bolachas para doação e voltou, trazendo nas mãos, uma das embalagens.
Aproximou-se de Oscar e perguntou: O senhor aceita algumas bolachas? São recheadas.
Com um sorriso quase infantil no rosto, ele acenou afirmativamente.
E complementou: Adoro bolachas.
Sorrindo, agradeceu, enquanto uma lágrima discreta brotou nos seus olhos.
Oscar, disse a jovem, as bolachas são para deixar você feliz!
Eu sei. São lágrimas de alegria.
E desatou a falar, animado, dizendo como ficava emocionado com manifestações de atenção das pessoas...
Ao se despedir, fazendo menção de continuar andando, falou com enorme gratidão: A senhora não precisa pedir nada para Deus, Ele vai lhe enviar tudo de que precisa.
E finalizou: Quando falamos com Deus, não precisamos pedir nada, Ele sabe o que precisamos. Deus está em nossa consciência.
Beatriz ficou surpresa com a observação e, com a alma feliz, se despediu: Até mais Oscar, vá com Deus!
* * *
Quanta sabedoria num homem que traz sua casa às costas. Deus reside em nós e Sua Lei, em nossa consciência.
A Lei Divina é a lei natural. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer e ele só é infeliz quando dela se afasta.
É por isso que quando fazemos algo correto, quando agimos no caminho do bem, percebemos em nosso íntimo uma serena alegria.
É o reconhecimento de nossa consciência de que agimos em conformidade com as Leis de Deus: atendemos ao nosso irmão.
Naturalmente, quando fazemos algo indevido, sentimos em nosso íntimo que nossa atitude não foi correta. Não precisa ninguém nos reprovar, nossa consciência nos sinaliza que fizemos algo equivocado.
Por isso, Beatriz sentiu uma grande alegria, não pela entrega de um singelo pacote de bolachas, mas por ter conversado com um irmão. Mais ainda, por ter sido lembrada de algo tão sublime: a Lei Divina rege nossas vidas.
Também, que a Providência Divina tem os olhos postos sobre todos nós e nos atende, muitas e repetidas vezes, antes mesmo que esbocemos o de que precisamos.
A atenção divina se manifesta no mundo e para todos os viventes. Ninguém está esquecido, mesmo que, por vezes, nossa aflição ou desânimo, nos leve a pensar diferente.
Realmente, as lições nos chegam das formas mais imprevistas e de onde menos esperamos.
Cabe-nos ter olhos e ouvidos atentos, todos os dias, todas as horas.
Redação do Momento Espírita, com base em
fato e nas questões 614 e 621 de O Livro dos
Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 2.10.2021.
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