A cena é comum às vésperas de feriados prolongados. As filas nos postos de gasolina, esperando para abastecer o carro são muito longas e demoradas.
Os transtornos não são poucos. A impaciência vai tomando conta dos que aguardam.
Depois, é o engarrafamento nas ruas, nas estradas, nas rodovias.
O que deveria ser um descontraído passeio, uma alegre saída da rotina que cansa, se torna um motivo de estresse.
Nos supermercados, a situação não é diversa. A necessidade de adquirir produtos leva muitos, ao mesmo tempo, às compras.
As filas nos caixas são extensas, logo começando a murmuração. Porque a máquina estragou, porque o cartão de crédito apresentou problemas na hora de pagar.
O nervosismo cresce na medida exata em que se escoam as horas. O relógio é consultado a cada segundo.
Isso tudo acontece porque a grande maioria de nós espera até o último momento para se preparar para a viagem.
Embora saibamos que o feriado acontecerá no dia estabelecido e tenhamos intenção de viajar, deixamos tudo para a última hora.
Seria tão simples planejar com antecedência, tomar providências antes, com vagar e prudência.
Dessa mesma forma, acontece com muitos de nós com referência a uma viagem que todos deveremos realizar.
Falamos da travessia desta para a outra vida. Todos sabemos que haveremos de morrer. Quão poucos nos preparamos para a morte.
Falamos de preparar nossa família, ajeitar nossa vida, pensar na grande transição.
Viver cada dia com dignidade, não fazendo inimigos, nem comprometendo a própria honra.
Não nos vinculando a ações escusas, em troca de recursos amoedados que, tão rapidamente quanto conquistados, escaparão das nossas mãos, deixando-nos vazios.
Ensinar as lições da lealdade, honestidade, amizade aos filhos, primando pela conquista das virtudes próprias.
Não deixar contas para pagar, que ficarão sobre os ombros da família, já fragilizada pela nossa ausência, que poderá ser repentina.
Privilegiar amigos com nossa presença alegre, gentil. Semear afetos por toda parte.
Usufruir cada momento como se fosse o derradeiro. Estar com a família, sair com as crianças, gozar do sol, andar na chuva.
Colher flores no jardim, realizar a poda dos arbustos, limpar a calçada da frente.
Pequenos prazeres. Coisas importantes que nos darão satisfação e nos farão, depois, sermos lembrados muitas e muitas vezes.
Quem poderá esquecer um pai amoroso e presente? Uma mãe diligente e atenta? Um filho carinhoso, a distribuir abraços e beijos barulhentos nas bochechas dos pais, da irmãzinha?
Quem esquecerá o amigo precioso das horas amargas e dos dias de alegria?
Acreditemos: se tivermos bem vivido, nos sentiremos tranquilos quando a morte chegar.
Nosso coração partirá em paz, porque semeamos venturas pelo caminho.
Quanto aos amores que ficarem, entreguemo-los a Deus, o zeloso Pai, que por eles velará, como fizemos, enquanto ao lado deles.
Um dia, breve ou distante, todos nos reuniremos na Espiritualidade para a renovação da ternura que, quanto mais se expressa, mais se multiplica.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 25.8.2021.
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