Buscar o novo, pensar no novo, criar o novo é, com certeza, salutar.
Porém, oportuno recordarmos que o novo se assenta em bases anteriormente criadas e conhecidas.
Assim, surgem novos ritmos, que, no entanto, se servem das mesmas sete notas musicais, que se alternam em duração, em tonalidades.
No campo da literatura, surgem formas aprimoradas de escrita e expressão, naturalmente, baseadas nas conhecidas letras do alfabeto.
São elas, as bem conhecidas letras, que nos permitem o acesso ao que foi redigido, concebido pela mente do escritor, do romancista, do historiador.
A pintura descobre pitorescas maneiras de expressão, no entanto, baseadas sempre nas cores primárias: amarelo, azul e vermelho.
É importante nos determos nessas informações quando vivemos à cata de coisas diferentes, quando desejamos coisas novas apenas pelo desejo de diferenciadas emoções.
Nesse particular, é bom lembrarmos que nenhum de nós, ao adquirir ingresso para uma conhecida e famosa ópera, pensará que ela foi totalmente modificada.
A tragédia, o amor, os fatos serão os mesmos, podendo apresentar variações de cenário, de figurino, de adereços.
Nenhum de nós irá a um espetáculo de ballet clássico sem a alma suspirando para reviver emoções já vivenciadas.
Pelo contrário, os que o assistimos anteriormente, ficaremos no aguardo do solo que sabemos deverá acontecer, do dueto, sempre fenomenais.
Desejamos reviver aquela emoção, encher os olhos com aquele espetáculo. E o que será diferente serão as performances dos cantores, dos bailarinos.
Será isso que exaltaremos, agradecendo com muitos aplausos o que eles nos permitiram reviver, de forma ainda mais intensa e bela.
O que queremos dizer com tudo isso, convidando os amigos a pensarem conosco é que não desprezemos o feito, o tantas vezes apresentado, ficando somente à cata de novidades.
Se bem lembramos, as palavras do Mestre de Nazaré atravessaram o segundo milênio e ainda não aderimos de forma total a elas.
E será exatamente pela repetição dos conceitos, pela releitura e reflexão dos ensinos contidos no Evangelho que, a pouco e pouco, conseguiremos nos melhorar.
O Apóstolo João, em sua velhice, não se cansava de repetir: Amai-vos, filhinhos, amai-vos.
De quantas lições necessitamos a reprise, continuada, reforçada, a fim de que nos penetre profundamente a alma e se traduza em vivência.
Busquemos, de forma continuada, o Evangelho, lendo-o e tornando-o a ler, redescobrindo conteúdos anteriormente nem sequer percebidos.
É assim que as lições se alicerçam em nossa intimidade.
Tornemos a folhear as mesmas páginas e descubramos, nas suas entrelinhas, algo ainda não aprendido.
Mesmo porque, a cada dia, de forma geral, amadurecemos o entendimento, o raciocínio e isso nos oferece possibilidades renovadas sobre antigos textos.
Valorizemos o antigo. Descubramos as suas nuances.
Permitamo-nos a repetição das lições para guardá-las na memória. Mas, sobretudo, no mais profundo da alma a fim de que extravasem pelas nossas mãos em benéficas ações.
Redação do Momento Espírita
Em 4.8.2021.
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