Quantas vezes ouvimos pelo rádio ou assistimos pela televisão denúncias contra o poder público, contra médicos, policiais?
Denúncias de corrupção, mau atendimento, desrespeito ao ser humano, violência.
Quase sempre, generalizamos o que é individual, ou seja, passamos a afirmar que toda aquela classe de profissionais age daquela forma.
Nossas vibrações para eles são ruins, desagradáveis. No entanto, somos poucos aqueles que, em descobrindo algo altruísta de um profissional, alardeamos a sua postura.
Por isso, a ação daqueles dois policiais deve ser contada e enaltecida. Não mostram sua face, portanto, o que registram em vídeo, não tem o objetivo de colocá-los em evidência.
O local em que a viatura se encontra fala de abandono. Uma favela, um bairro esquecido, não se sabe.
Terra de chão, sem asfalto ou macadame.
Um garoto se aproxima e convida os policiais a tomar um café.
O mais jovem deles é quem inicia o diálogo com o menino que, espontâneo, vai despejando as informações: tem seis anos. Trabalha com o pai. Ele é um trabalhador.
Não vai à escola, agora, porque a escola está fechada. Mas ele tem tarefas para fazer. E diz que o que ele queria mesmo era ter um celular.
Estude, trabalhe e você vai conseguir. - Diz o policial.
E quando lhe é perguntado o que ele deseja ser, quando crescer, responde, de pronto: Polícia.
Qual polícia? Insiste o rapaz. Essa, de vocês.
Até aí nada de mais. Um ser humano falando com outro ser humano.
Porém, os policiais voltaram no dia seguinte, dizendo que vieram tomar o café que ele oferecera.
A espontaneidade do garoto é a mesma. Aproxima-se do policial, fortemente armado, demonstrando confiança perto daquela autoridade.
Enfim, depois de alguma conversa, ele é convidado para se aproximar da viatura e recebe um pacote de presente.
O menino tira o papel e o entrega ao policial. Maravilhoso: ele não joga o papel no chão, mesmo estando em um lugar onde, se percebe, a limpeza não tem nota máxima.
Tenta abrir a caixa. Seu rosto se ilumina ao descobrir o celular. Liga e começa a mexer.
Agora, ele está mudo. Os olhos fixos no aparelho que o policial ajuda a apertar aqui, ali.
E vai lhe dizendo que ele poderá fazer fotos, vídeos, mandar mensagens.
Afinal, depois da emoção, o menino abraça fortemente o policial pela cintura, que é onde alcança.
Em seguida, sem identificação nenhuma, lá se vai o benfeitor.
Exatamente como recomendou o Mestre de Nazaré: Não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita.
No entanto, ações dessa ordem devem ser faladas, mostradas para contagiar outras pessoas.
Para termos a certeza de que no mundo existem muitas pessoas boas, que usam a compaixão, que praticam a fraternidade.
Sobretudo para que tenhamos assuntos agradáveis para comentar, para que o bem se espalhe pela Terra.
* * *
Aprendamos a ter olhos de ver. Ver tantos gestos de amor que, todos os dias, anonimamente, são realizados.
Amor que sustenta, que alegra uma vida, que faz sorrir alguém, que concretiza o sonho de um pequeno.
Redação do Momento Espírita.
Em 14.7.2021.
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