Agora preciso de tua mão, não para que eu não tenha medo, mas para que tu não tenhas medo.
Sei que acreditar em tudo isso será, no começo, a tua grande solidão. Mas chegará o instante em que me darás a mão, não mais por solidão, mas como eu agora: por amor.
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A tua não é a única solidão.
A Terra se encontra repleta de pessoas que, por uma ou outra razão, foram conduzidas à solidão.
Este fugiu do mundo, receando agressão, marcado por dores íntimas que o acompanham desde a infância.
Esse se afastou do convívio social por haver sofrido o que considera uma injustiça.
Aquele se deixou cair na depressão e buscou o seu mundo íntimo, onde se refugia, fechando a porta à solidariedade.
Este outro, temendo não ter forças para resistir ao contato com as pessoas, transferiu-se para as montanhas e praias da meditação, afastando-se de todos.
Mais alguém, cansado da batalha diária, renunciou ao movimento geral e aquietou-se, quase se alienando.
A tua solidão, porém, é feita de amargura, porque, no meio dos indivíduos felizes e atraentes, ninguém tem tempo para ti, nem despertas a amizade ou interesse de alguém.
Esta situação afligente é causa de martírio. No entanto, reconsidera a situação e acerca-te do teu próximo.
Ele talvez se encontre em estado parecido com o teu.
Não é feliz, apenas parece.
Faz ruído para disfarçar o que se passa na sua intimidade.
Chama a atenção por necessidade e, preocupado com os próprios problemas, não dispõe de capacidade mental e emocional para identificar os teus.
Aproxima-te dele, com discrição e bondade, constatando que doar afeto é recebê-lo.
Toda oferta espontânea se transforma em intercâmbio, no qual cada um reparte um pouco daquilo de que dispõe.
Mesmo que o vazio interior permaneça, busca preenchê-lo com a ação positiva pelo outro. Verificarás que o bem que ofereces e que gostarias de receber, já se encontra em ti.
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Alguns momentos de solidão são necessários na nossa vida. Todos precisamos desses momentos a sós. Para nos recompormos. Para nos fortalecermos na oração.
Somos seres plenos. Manter este contato íntimo com nossa essência é fundamental.
Somos seres inteiros e repletos de tesouros inexplorados.
Conhecermo-nos, nos desvendarmos e então nos amarmos.
Porém, devem ser momentos, apenas. Não queiramos viver na solidão.
Ela é perigosa, é viagem no vazio, e por isso muitas vezes, difícil de nos desvencilharmos dela.
Somos seres sociais. Nossa felicidade é conquistada com o semelhante.
Quando nos doamos, recebemos. Quando preenchemos o vazio alheio, nos enchemos de significado.
Solidão por vezes é fuga, é desequilíbrio, é adiamento de encararmos que o inevitável para vivermos é conviver.
Não permitamos que a solidão tome conta, tome o controle, seja protagonista dos nossos dias.
Viver é coletivo e não apenas individual.
Viver é nos doarmos para nos plenificarmos.
Pensemos e vivamos isso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 10, do livro Momentos de Alegria,
pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL
e frases do livro A paixão segundo G. H., de Clarice Lispector, ed. Rocco.
Em 10.11.2020.
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