Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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ícone Em solidão

Agora preciso de tua mão, não para que eu não tenha medo, mas para que tu não tenhas medo.

Sei que acreditar em tudo isso será, no começo, a tua grande solidão. Mas chegará o instante em que me darás a mão, não mais por solidão, mas como eu agora: por amor.

*   *   *

A tua não é a única solidão.

A Terra se encontra repleta de pessoas que, por uma ou outra razão, foram conduzidas à solidão.

Este fugiu do mundo, receando agressão, marcado por dores íntimas que o acompanham desde a infância.

Esse se afastou do convívio social por haver sofrido o que considera uma injustiça.

Aquele se deixou cair na depressão e buscou o seu mundo íntimo, onde se refugia, fechando a porta à solidariedade.

Este outro, temendo não ter forças para resistir ao contato com as pessoas, transferiu-se para as montanhas e praias da meditação, afastando-se de todos.

Mais alguém, cansado da batalha diária, renunciou ao movimento geral e aquietou-se, quase se alienando.

A tua solidão, porém, é feita de amargura, porque, no meio dos indivíduos felizes e atraentes, ninguém tem tempo para ti, nem despertas a amizade ou interesse de alguém.

Esta situação afligente é causa de martírio. No entanto, reconsidera a situação e acerca-te do teu próximo.

Ele talvez se encontre em estado parecido com o teu.

Não é feliz, apenas parece.

Faz ruído para disfarçar o que se passa na sua intimidade.

Chama a atenção por necessidade e, preocupado com os próprios problemas, não dispõe de capacidade mental e emocional para identificar os teus.

Aproxima-te dele, com discrição e bondade, constatando que doar afeto é recebê-lo.

Toda oferta espontânea se transforma em intercâmbio, no qual cada um reparte um pouco daquilo de que dispõe.

Mesmo que o vazio interior permaneça, busca preenchê-lo com a ação positiva pelo outro. Verificarás que o bem que ofereces e que gostarias de receber, já se encontra em ti.

*   *   *

Alguns momentos de solidão são necessários na nossa vida. Todos precisamos desses momentos a sós. Para nos recompormos. Para nos fortalecermos na oração.

Somos seres plenos. Manter este contato íntimo com nossa essência é fundamental.

Somos seres inteiros e repletos de tesouros inexplorados.

Conhecermo-nos, nos desvendarmos e então nos amarmos.

Porém, devem ser momentos, apenas. Não queiramos viver na solidão.

Ela é perigosa, é viagem no vazio, e por isso muitas vezes, difícil de nos desvencilharmos dela.

Somos seres sociais. Nossa felicidade é conquistada com o semelhante.

Quando nos doamos, recebemos. Quando preenchemos o vazio alheio, nos enchemos de significado.

Solidão por vezes é fuga, é desequilíbrio, é adiamento de encararmos que o inevitável para vivermos é conviver.

Não permitamos que a solidão tome conta, tome o controle, seja protagonista dos nossos dias.

Viver é coletivo e não apenas individual.

Viver é nos doarmos para nos plenificarmos.

Pensemos e vivamos isso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 10, do livro Momentos de Alegria,
pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL
e frases do livro
A paixão segundo G. H., de Clarice Lispector, ed. Rocco.
Em 10.11.2020.

 

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