Aqueles que já utilizaram a palavra adeus sabem o quanto custa pronunciá-la, seja para um amigo ou familiar que retorna às moradas espirituais, seja para alguém que nos é caro e que está em outra parte do globo.
Não dizemos adeus somente para aquele que parte. Despedimo-nos também de uma fração de nós mesmos. Afinal, alguém com quem compartilhamos sonhos, sorrisos e ternura, se vai e todas essas emoções, aparentemente, se vão também.
O adeus é o princípio da saudade, que carrega em si profundos questionamentos:
Por que a morte?
Por que as circunstâncias da vida nos separam daqueles a quem amamos?
Sem dúvida, são perguntas justas a todos aqueles que experenciamos a falta de alguém.
Para todos os que sentimos saudade, nos mais diversos matizes e intensidades, façamos um exercício: troquemos a palavra adeus pela rogativa a Deus, nosso Pai.
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A Deus entregamos todos os que, por uma ou outra razão, se separaram de nós.
A Deus confiamos aqueles que, por conta das mais diversas necessidades, precisaram se distanciar dos familiares, dos amigos, dos que lhes são caros.
A Deus entregamos os que, fisicamente, estão próximos, mas que, impedidos pelo orgulho, pelo egoísmo e pela falta de perdão, levantaram barreiras entre si.
Em algum momento, eles haverão de derrubá-las, considerando que o amor é o único laço indestrutível entre os seres.
A Deus confiamos os que partiram para o mundo das drogas, da violência, da corrupção e, dessa forma, se encontram distantes do bem.
Nós os entregamos à Misericórdia do Criador que, no devido tempo, permite que todos nos ajustemos às imutáveis Leis Divinas.
A Deus rogamos pelos que estão distantes de si mesmos, os depressivos, os que se perderam no caminho interior, que todos devemos percorrer, não observando a recomendação: Conhece-te a ti mesmo.
A Deus pedimos pelos que estão separados do convívio social. Pelos idosos, nos asilos e casas de acolhimento, carentes de uma visita.
E pelos pequeninos que, em abrigos, anseiam por uma família que os acolha.
Ainda, a Deus rogamos pelos que retornaram às tantas moradas da Casa do Pai.
Confiantes de que a morte não é o fim, de que o túmulo não é o destino final, saibamos aguardar pelo garantido reencontro que trará o esperado abraço, capaz de romper toda distância e qualquer separação.
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Em nenhuma esfera da vida, em nenhum plano da existência, o adeus verdadeiramente existe.
Quando a saudade marejar os nossos olhos, que a fé preencha nosso coração, fazendo-nos lembrar de que o reencontro com aqueles a quem amamos faz parte do ciclo da vida.
O sol é o responsável por nos recordar que os reencontros são inevitáveis.
À noite, ele desaparece e dele nos separamos. No entanto, a terra gira, como giram nossas vidas. Na aurora, retornam os raios solares para nos iluminar.
Assim se dá com a noite da saudade que, na Divina aurora, será substituída pelo raiar do reencontro.
Então, as lágrimas serão de alegria e o amor brilhará nas almas que, nem por um instante sequer, estiveram verdadeiramente separadas.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita
Em 3.7.2020.
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