O ano de 2019 foi especialmente doloroso para o casal John e Stephanie Reid.
Por conta de um atropelamento, o filho único, Dakota, de apenas dezesseis anos, teve morte cerebral.
Ainda que tomados de profundo sofrimento, o casal não teve dúvidas: optou pela doação de todos os órgãos do adolescente.
Um ano se passou. Certo dia, John recebeu uma encomenda, cujo remetente era justamente quem recebera o coração de seu filho.
No pacote, havia um presente e uma delicada carta de agradecimento pelo generoso gesto do casal. Nas gentis linhas, os dizeres: Eis os batimentos cardíacos do Dakota.
Tomado de emoção, John encontrou na caixa um sorridente ursinho de pelúcia no qual se lia: O melhor pai do mundo.
Ao apertar a patinha do brinquedo, a audição de uma gravação levou aquele pai a saudosas lágrimas.
O ursinho reproduz o som dos batimentos cardíacos de seu filho, que agora bate em outro peito.
O coração de Dakota proporcionou vida a outra pessoa. Seu filho está vivo.
Vivo também em outras famílias que, igualmente, foram ajudadas pela doação dos demais órgãos do menino.
Um fazendeiro recebeu os rins e o pâncreas. Um rapaz de vinte e um anos agora pode enxergar graças às córneas de Dakota.
Em uma entrevista, o pai afirmou: Quando recebi o pequeno urso, meu coração ficou cheio de alegria. Doar órgãos é continuar o plano de Deus para a família doadora e para o destinatário.
E finalizou, comovido: A doação de órgãos faz com que nós e os receptores sejamos sangue. Somos uma família.
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Diante do transe da morte, muitas famílias recusam doar os órgãos de seus familiares.
Uma das razões predominantes é o desconhecimento a respeito dos procedimentos que envolvem a retirada dos órgãos.
Quando ocorre a morte encefálica, os médicos consultam a família a fim de pedir autorização para a doação dos órgãos do ente querido.
Um doador pode salvar até oito pessoas.
Se desejamos ser essa pessoa que pode auxiliar outras vidas a prosseguirem sua jornada terrena, importante que deixemos expressa essa vontade para os nossos familiares.
Dessa maneira, no momento da nossa morte, eles poderão agir com segurança e sem conflitos.
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Num mundo que conjuga muito mais o verbo receber, é preciso coragem para se doar.
As oportunidades de progresso que nos são concedidas são tantas que, até durante a morte, podemos avançar no caminho que nos conduz a Deus, à paz, à felicidade.
Espiritualmente, o ser que desencarna não passará nenhuma necessidade por conta da doação de seus órgãos. Ao contrário, o bondoso ato somente o iluminará.
Afinal, a doação de órgãos nos torna instrumentos da Misericórdia Divina. Uma vida retorna às moradas celestes, uma vida permanece neste plano.
Por um grandioso gesto de caridade e benevolência, ambas se unem pelo amor.
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A verdade é que a vida jamais cessa. A morte é apenas um Até breve e o amor é um laço que jamais se desfaz, ainda que nosso coração bata em outro peito.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita,
com base na biografia da Família Reid e
com dados colhidos no site da Associação
Brasileira de Transplantes de Órgãos.
Em 30.6.2020.
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