Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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O que nos vem à mente quando ouvimos a palavra milagre?

Algo inexplicável à luz dos sentidos e do conhecimento. Algo que, de alguma forma, anula as leis naturais.

Na sua origem, o termo significava: coisa digna de se olhar, admirar. Apenas isso.

Foi no decorrer dos tempos que a palavra começou a ganhar outras cores. As curas de Jesus, por exemplo, foram chamadas de milagres pelos observadores.

O Evangelho de João destaca dois logo em seu início: o das bodas de Caná, com a transformação da água, por Jesus e a cura de um menino enfermo, filho de alto funcionário real.

Eram feitos sensacionais, impossíveis de serem realizados sem a ajuda divina. Por isso, denominados milagres.

Esse entendimento continuou durante toda a Idade Média.

Thomás de Aquino dizia:

No milagre podem ser notadas duas coisas: uma é o que acontece, que é certamente algo que excede a faculdade da natureza, e neste sentido os milagres são chamados de potências ou virtudes.

A segunda é a razão pela qual os milagres acontecem, ou seja, uma manifestação de algo sobrenatural.

Algumas correntes, porém, ainda no período medieval, insistiam na ordem necessária da natureza, como aquelas que surgiram como as primeiras afirmações da ciência moderna.

O filósofo Spinoza, no Século XVII, afirmou:

Contra a natureza ou acima da natureza, milagre não passa de absurdo. Na sagrada escritura, só é possível entender por milagre a obra da natureza que supera a inteligência dos homens.

Resumidamente, de um lado tivemos aqueles que liam os milagres como acontecimentos fora da ordem natural das coisas.

De outro, aqueles que ainda não os entendiam, mas que tinham certeza de que não eram ocorrências sobrenaturais, apenas fatos que ainda não tinham condições de serem explicados.

Aos olhos dos ignorantes, a ciência faz milagres todos os dias.

Um físico, numa colina, com um papagaio ou pipa elétrica, provocando um raio sobre uma árvore, poderia ser chamado de milagreiro.

Concluímos, portanto, que os milagres são apenas fatos dos quais ainda não conhecemos a causa ou como acontecem.

Antes do Espiritismo, a aparição de um Espírito ou a comunicação com alguém do além-túmulo, poderia estar na categoria das ocorrências miraculosas.

Kardec, como homem de ciência, estudioso, buscou as causas, a natureza dos fenômenos, e nos mostrou que fazem parte das Leis Universais.

É assim que a Doutrina Espírita vem, a seu turno, fazer o que cada ciência faz quando surge no mundo: revela leis até então desconhecidas e explica os fenômenos compreendidos na alçada dessas leis.

*  *   *

Contemplamos milagres todos os dias.

A vida e toda sua exuberância, o corpo humano e seu funcionamento espetacular, as conquistas da inteligência que nos permitem realizar prodígios.

São todas coisas dignas de admirarmos.

Porém, nenhum desses milagres se compara aos que o amor pode operar. O amor reconstrói, o amor salva da escuridão, o amor nos faz encontrar potências na alma que não imaginávamos ter.

Dessa forma, dentre todos os milagres, os do amor serão sempre os mais grandiosos.

 

Redação do Momento Espírita com base no cap. XIII,
 do livro
A Gênese, de Allan Kardec, ed. FEB;
no
Dicionário de Filosofia, de Nicola Abbagnano, ed.
Mestre Jou e no livro
De onde vêm as palavras: origens
e curiosidades da Língua Portuguesa, de Deonísio da
Silva, ed. A Girafa.
Em 25.5.2020.

 

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