Quando nos detemos nos escritos bíblicos, surpreendemo-nos com alguns ensinamentos válidos para todos os tempos.
E nos encantamos em perceber como os homens compreendiam as intuições e as registravam para a posteridade.
Encontramos, nos escritos do legislador hebreu Moisés as recomendações no sentido de não oprimir o estrangeiro, quando em nossas terras.
Detalhava normas quanto a deixar no campo e na vinha espigas e bagos caídos para que o estrangeiro delas se pudesse servir.
Prescreviam, ainda, o amor ao estrangeiro, dando-lhe roupa e pão. Numa palavra, acolhimento.
Jesus não se fez ausente nessa questão. Estabeleceu quem herdaria o reino do Seu Pai, dizendo que quem acolhesse o estrangeiro a Ele mesmo estaria acolhendo.
E, na parábola do bom samaritano, envolveu um homem de outras terras, ou seja, um estrangeiro para enaltecer quem é o nosso próximo.
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Questões do ontem, questões do hoje, questões de todos os tempos que nos levam a refletir a respeito da forma como tratamos os que buscam abrigo em nosso país.
Do mesmo modo que, no Antigo Testamento, o povo de Israel é convidado a lembrar de que fora estrangeiro nas terras do Egito, devemos nos recordar que, em verdade, os que nos encontramos na Terra, somos todos estrangeiros.
Imortais, vimos de outras dimensões para este planeta que nos recebeu, por ordem do seu Governador, Jesus. Aqui tudo nos é oferecido: a possibilidade de crescer, de progredir, de termos nossa família, de abrigar nossos amores.
Muito bem escreveu o Apóstolo de Tarso:
Somos todos um só corpo e temos todos o mesmo espírito. Fomos todos chamados para uma mesma esperança. Temos um só Deus, que é pai de todos nós, que está acima de todos e que vive em nós e através de nós.
Eis aí a extraordinária síntese da nossa essência. Somos uma enorme família, espalhada pelo Universo, constituindo várias Humanidades.
Pertencemos, por ora, à Humanidade terrena. Mas, de onde teremos vindo? Para aonde iremos depois daqui?
É grandioso o nosso destino como seres imortais, peregrinando pelas várias moradas de nosso Pai, conforme nos disse o Mestre de Nazaré.
Por isso, a imperiosa necessidade de nos amarmos, de nos auxiliarmos. Enquanto na Terra, nos separam fronteiras de países onde a cultura, o idioma, os costumes são diferentes.
Contudo, na essência, todos fomos criados de igual forma e temos um único destino final: a perfeição, ou seja, a conquista do reino de Deus que está dentro de cada um de nós.
Nesses termos, não é absolutamente coerente a lei de amor que nos trouxe Jesus? Amar a todos, amarmo-nos todos.
Pensemos, por fim, que hoje vivemos em um país, no entanto, como peregrinos espirituais, que tivemos muitas experiências anteriores, na carne, nem podemos imaginar por onde já transitamos.
Ou para aonde nos dirigiremos em próxima e salutar reencarnação. Isso, mais do que tudo, deve servir para construir em nós fraternidade, compreensão e auxílio mútuo.
Pensemos a respeito.
Redação do Momento Espírita, com base no Levítico, cap. 19, vers. 33 e 34;
no Deuteronômio, cap. 10, vers. 18 e 19; no Evangelho de Mateus, cap. 25,
vers. 35; no Evangelho de Lucas, cap. 10, vers. 33 a 37 e na Epístola
aos Efésios, cap. 4, vers. 4 a 6.
Em 17.3.2020.
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