Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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Aquela senhora parecia estranha. Bateu à porta dos rapazes, que apenas haviam adentrado o apartamento, para oferecer seus biscoitos. Sinal de boas vindas. Receita especial, frisou.

E foi entrando, se sentando na sala e falando de tudo e de coisa nenhuma. Por fim, entre lágrimas, disse que fora vítima de um furto.

Por que não recorria à polícia? Bom, a polícia se interessaria em investigar o furto de uma planta? Era sua planta de estimação, uma samambaia.

Espécie? Ora, era uma samambaia comum mas que compartilhava sua vida há seis anos.

Ela a tinha colocado no corredor, do lado de fora do seu apartamento, para conferir um pouco de alegria ao local. E alguém a furtara.

Os rapazes se compadeceram da sua tristeza, que transparecia nas faces esculpidas pelo tempo.

Pediram a um amigo, que adorava investigar situações que pareciam intrincadas, que fizesse algo por ela.

Ele se entusiasmou. Colocou uma samambaia nova no mesmo local da anterior, instalou uma câmera de vigilância e ficou assistindo horas e horas de gravações, por dias inteiros.

Ninguém, sequer, olhava para a planta. A porta do apartamento se abria apenas para quem vinha entregar pedidos feitos pela senhora.

Ele percebeu que, além de agradecer, ela fazia questão de dar seus bolinhos, seus biscoitos a cada um.

Mesmo que eles dissessem que não queriam, ela insistia e lhes colocava nas mãos as suas preciosidades.

Jerry se deu conta da solidão daquela senhora que não saía de casa, e que fazia questão de agradar as pessoas. Descobriu o que ela queria de verdade: atenção, alguém para conversar.

Foi visitá-la. Disse que para concluir a investigação a respeito do estranho furto, precisava lhe fazer algumas perguntas.

Foi recebido com um sorriso e um delicioso sanduíche, que ela preparou com esmero. Cortado ao meio, dois triângulos perfeitos.

Como minha mãe fazia! – Comentou o rapaz.

As boas mães fazem assim! – Respondeu ela.

Enquanto saboreava a delícia, ele se pôs a olhar para as paredes. Havia muitas fotos dela com o marido, em viagens, festas, recepções.

Ela vivera intensamente um amor e uma vida. Era bela, elegante, sempre com aquele maravilhoso sorriso nos lábios.

Confidenciou-lhe que depois que o marido morrera, colocara o pé no freio. Sem o seu grande amor para tudo compartilhar, a vida perdera muito do seu significado.

Então, o jovem a convidou para sair com ele. E a levou para um lugar paradisíaco, entre palmeiras emoldurando a paisagem, num cair de tarde.

Juntos, assistiram a um pôr de sol, num céu pincelado de lilás, vermelho, amarelo, uma profusão de cores...

A vida não acaba porque o amor partiu, disse ele. Volte a viver, saia de casa, admire os quadros de Deus, permita que sua alma continue a vibrar.

Depois, a levou para conhecer os seus próprios amigos, à beira da praia.

A senhora tornou a desabrochar. Precisava somente de alguém que lhe quisesse bem e lhe desse amor.

Pensemos nisso ao encontrarmos pessoas solitárias, tristes e acabrunhadas.

Contribuamos para que voltem a florescer.

 Redação do Momento Espírita, com base
em capítulo da Série Hawaii Five-0.
Em 28.2.2020.

 

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