Ela é moradora de rua há mais de vinte anos. Tem uma índole que prima pela gentileza. Aproveita todas as oportunidades para ser útil.
Ora é um deficiente visual, que apresenta certa dificuldade, para a travessia de grandes avenidas, em uma cidade de tráfego intenso.
De outra feita, é alguém que busca determinado endereço e encontra nela a disposição para a precisa indicação.
Segundo os comerciantes da região onde costuma ser vista, Clélia é alguém sempre pronta a ajudar. Zela para que ninguém provoque estragos nos carros estacionados nas ruas.
Também para que outros não realizem atos de vandalismo nas lojas próximas.
Ela já foi entrevistada em reportagem a respeito dos moradores de rua.
Como muitas outras pessoas, eles sofrem certo preconceito. São temidos por alguns, que os veem transitando de um lado a outro, parecendo sem rumo.
Em verdade, desconhecemos os motivos pelos quais alguém é levado a morar na rua. Já nos indagamos se foram expulsos de casa? Se foram obrigados a deixarem o lar por alguma circunstância?
Clélia não revelou os motivos que a isso a conduziram. Mas a forma como fala, como trata aos demais, nos diz que aprendeu boas maneiras, e tem certa instrução.
Sua filosofia de vida inclui, sem dúvida, ajudar aos outros porque dessa forma, afirma, todos somos ajudados.
De tudo, ressalta a sua gentileza para com todos.
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A gentileza é uma forma de atenção, de cuidados, uma amabilidade que torna os relacionamentos humanos mais agradáveis.
É uma virtude que todos podemos praticar, não importando onde vivamos, com quem convivamos.
No transporte público sempre podemos ceder nosso lugar a quem necessite, mesmo que o assento em que estejamos não seja classificado como preferencial.
Podemos nos habituar a agradecer às pessoas que nos prestam pequenos favores. Não somente dizer um Obrigado mecânico, mas determo-nos um instante para sorrir enquanto pronunciamos a palavra mágica da nossa gratidão.
Podemos criar o hábito de cumprimentar as pessoas que encontramos, nas vias públicas ou em outros locais.
Também a nos desculparmos pelos esbarrões involuntários, por descuidarmos de manter uma porta aberta para quem vinha logo atrás.
Praticarmos a gentileza de permitir a ultrapassagem ou a passagem ao carro que sinaliza para a troca de faixa.
E, no lar, em especial, nos acostumarmos a agradecer a quem o higieniza e organiza, providencia a roupa lavada e passada, o alimento à mesa.
A quem nos espera, nas horas tardias, aguardando que cheguemos. E, muito importante, acostumarmo-nos a tecer elogios pelo aposento florido, o toque delicado, aqui e acolá.
A gentileza deve se revestir de sinceridade e simplicidade e colabora, intensamente, para melhorar o convívio familiar, profissional, social.
Uma atitude simples que faz a diferença.
Aprendamos a expressar nosso amor e disposição de forma clara e direta, com nobreza e elegância de propósito.
Sejamos gentis sempre.
Redação do Momento Espírita,
com base em fato.
Em 22.2.2020.
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