Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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ícone Ouvindo o silêncio

Alguns de nós não apreciamos permanecer em silêncio. Se não temos com quem conversar, se a casa está quieta, ligamos a TV, simplesmente para ouvir algo.

Algo que, em verdade, nem prestamos atenção. É para ter ruído

É comum entabularmos conversas no ponto de ônibus, na fila do mercado, na sala de espera de um consultório. Tudo para ter ruído ao nosso redor.

Parece que o silêncio nos incomoda. Chegamos a dizer: Não gosto de silêncio.

E, no entanto, o silêncio se faz necessário para a mente como o sono se faz necessário para o corpo.

Todos precisamos de calmaria, em algum momento. Diminuir os ruídos de fora, darmos um descanso aos ouvidos, à mente.

Afinal, vivemos em meio a tanto barulho: gente falando, veículos buzinando, tráfego intenso, propaganda de alto-falantes, maquinaria barulhenta, música agitada.

Se andamos pela cidade, tudo parece se misturar às vozes das próprias pessoas. E se transforma num imenso barulho, constante, incessante.

Se entrarmos em uma sala onde se aguarda um espetáculo, ouviremos uma grande confusão de vozes de tantos que falam uns com os outros, todos ao mesmo tempo.

Diminuir o volume do mundo é um convite para contemplar a vida ao nosso redor.

Se desligarmos a TV, o rádio, se não falarmos, começaremos a mergulhar no silêncio.

E ouviremos tantas coisas que, habitualmente, não ouvimos. Por exemplo, o delicado farfalhar das folhas no jardim, quando os dedos da brisa as tocam.

O pio de um passarinho que descansa no galho da árvore fronteiriça, os primeiros e hesitantes pingos da chuva calma que mergulha na terra.

O murmúrio da terra sorvendo gota a gota...

Depois, o tamborilar da chuva na janela, o som da nossa respiração, o bater ritmado do coração.

Quantas coisas para ouvir no silêncio que, em verdade, é cheio de sons surpreendentes.

Se a noite for de estrelas, poderemos ouvir ainda outros tantos sons que se manifestam: o pio da coruja, um cão que late ao longe.

Ruídos da noite que se aconchega para dormir. Encantadores, quase sempre despercebidos por nós.

Finalmente, ouvir os nossos próprios pensamentos. Quantos deles dão conta da nossa agitação constante. Precisamos parar, silenciar, pensar.

Selecionar pensamentos e desprezar aqueles que somente nos causam aflição e desconforto.

Ouvir nossa alma, sedenta de tranquilidade. Nossa alma que deseja beber do silêncio para se extasiar com a harmonia de si mesma.

Silêncio para orar. E para ouvir a resposta, vinda dos céus.

Silêncio para pensar no milagre da vida, que se reprisa a cada dia e se perpetua, através dos séculos.

Silêncio para ler, pausadamente, um livro que repousa, há bastante tempo, sobre a estante.

E se extasiar com o mergulho nas letras, que nos conduzem a um mundo de formas, ações, aprendizado.

Silêncio, irmão da paz, nos permite nos movermos sem pressa e a respirarmos com calma.

Logo mais, as horas despertarão e tudo recomeçará, mas nossos ouvidos estarão descansados pelo período de calmaria e nossa mente mais ágil, após o período de descanso.

Pensemos nisso e periodicamente aprendamos a fazer silêncio e a ouvir o silêncio.

Redação do Momento Espírita.
Em 8.11.2019.

 

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