Certa feita, Jesus afirmou que não fazia a Sua vontade, mas a do Pai do céu.
Em uma leitura apressada, talvez se conclua que Ele abdicou de Sua liberdade enquanto esteve na Terra.
Nessa linha, teria renunciado até à faculdade de querer, para atender os desígnios divinos.
Ocorre que a liberdade é um dos grandes atributos espirituais, que confere mérito a qualquer conduta.
Nenhum ser humano minimamente equilibrado e refletido se disporia a agir como marionete.
Quem aceitaria se tornar um escravo, mesmo a preço de ouro?
Jesus também disse que a Verdade nos libertaria.
Bem se vê o quanto a liberdade é preciosa, pois representa a culminância de um processo de aprendizado.
Quando o Espírito compreende a essência dos mecanismos que regem a vida, torna-se amplamente livre.
Liberta-se da ardência dos sentidos, de dores e de vícios.
A liberdade é uma lei da vida.
Tem como suas naturais contrapartes a responsabilidade e o mérito.
Porque pode optar entre várias condutas possíveis, a criatura tem mérito ou demérito conforme o que decida realizar.
A ninguém é lícito suprimir a liberdade do próximo ou transferir a responsabilidade dos seus atos a terceiros, ao segui-los sem refletir.
Assim, ao eleger a Vontade Divina como Sua, Jesus não abdicou da Sua própria liberdade.
Ele a utilizou da forma mais sublime possível.
Absolutamente livre em sua excelsa pureza e sabedoria, decidiu querer o que Deus queria.
Por livre vontade, tornou-se o instrumento da Misericórdia Divina na Terra.
Fez-se professor, médico e amigo de Seus irmãos menores.
O Cristo não se ressentia da missão que lhe cabia.
Não reclamava e nem blasfemava.
Com Seu íntimo asserenado pela completa integração com o Divino, foi forte e sábio em todas as situações.
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Convém refletir sobre esse significativo exemplo.
O melhor que pode ocorrer a qualquer criatura é ajustar sua vontade aos desígnios divinos.
Deus é pleno de um amor incomensurável e deseja o melhor para Seus filhos.
Por isso, faculta-lhes tantas reencarnações de aprendizado e resgate quantas sejam necessárias.
A finalidade dessas incontáveis experiências é que o Espírito vença a si mesmo e se torne radiosamente sublime.
Ciente disso, não reclame de dificuldades, não se sinta uma vítima e nem se rebele.
Cumpra com dignidade todos os seus deveres, por difíceis que se apresentem.
Mas o faça satisfeito, e não desgostoso, como quem cumpre uma pena.
Realizar fantasias e satisfazer apetites dificilmente lhe trará plenitude.
Mas se integrar na ordem cósmica, pelo amoroso cumprimento do papel que lhe cabe no mundo, garantirá seu acesso a vivências de gloriosa alegria.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 21.10.2019.
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