O Terceiro Milênio, que nos chegou com tantas cores de alegria, avança. Os meses se transformaram em anos e o que o mundo nos oferece, de um modo geral, é ainda um quadro de quase desolação.
As reportagens nos mostram vinganças que resultam em mortes ou agressões violentas.
Muitos filmes nos apresentam o homem presumidamente bom, que se transforma, de um momento para o outro, em um perseguidor assassino dos agressores dos seus amores.
É de nos perguntarmos para onde caminhamos, nós, essa Humanidade que aguarda o mundo de paz.
Adotamos facilmente a retribuição do mal pelo mal.
A lição ensinada pelo Mestre de Nazaré permanece esquecida.
No entanto, homens de valor dão testemunho inconteste de que temos a capacidade de perdoar. E que o perdão beneficia a quem o dá e a quem o recebe.
Recordamos do atleta olímpico e capitão da Força Aérea Americana, que lutou na Segunda Guerra Mundial.
Louis Zamperini, em maio de 1943, foi convocado para uma missão de busca de um avião desaparecido. Seu próprio avião sofreu problema nos dois motores e caiu no mar.
Da equipe de dez homens, somente três sobreviveram e ficaram à deriva em dois botes salva-vidas.
Por fim, restaram somente Louis e Russen Allen Phil.
Foram quarenta e sete dias no mar para serem, finalmente, resgatados pelos japoneses e levados para a Ilha da Execução.
Foi submetido a experimentos médicos, torturas e mostrado como se fosse um animal raro em uma jaula. A fome era uma constante.
Mais tarde, foi transferido para o campo de prisioneiros de guerra Omori, onde conheceu seu mais terrível torturador, conhecido como O Pássaro.
Esse comandante sentia prazer na tortura. Tinha a capacidade de bater num prisioneiro por horas. E Louis parecia ser a sua obsessão para os espancamentos.
Ele chegou a perder a audição do ouvido esquerdo, temporariamente, por ter sido agredido violentamente, com um cinto.
No final da guerra, Louis estava no campo de prisioneiros considerado o mais infernal do Japão, o Naoetsu, ainda sob o comando do mesmo sargento japonês.
Louis voltou para casa, atormentado pelo ódio e o desejo de vingança. Tornou-se alcoólatra e quase acabou com seu casamento.
No entanto, enquanto no mar, ele orara e prometera que se sobrevivesse, dedicaria sua vida a Deus.
Demorou para isso acontecer. Então, sua esposa o convenceu a ir a um culto evangélico e ele começou a sua transformação.
Tornou-se um pregador e seu tema recorrente era o perdão.
Confessou que quando substituiu o ódio pelo amor, perdoando os seus inimigos e orando por eles, deixou de ser assombrado por pesadelos.
Visitou muitos companheiros do campo de prisioneiros para lhes dizer que deviam perdoar aos seus malfeitores.
E não pensemos que lhe foi fácil a decisão. Ele afirmava que o mais difícil era perdoar. Mas o ódio é autodestrutivo. Quem odeia, não machuca ao outro mas a si mesmo. O perdão, dizia, é uma cura, uma autocura.
* * *
Se estamos padecendo as agruras do ódio, pensemos a respeito e proponhamos nos libertar. Tentemos o perdão e nos libertemos.
Afinal, todos merecemos ser felizes.
Redação do Momento Espírita, com
dados biográficos de Louis Zamperini.
Em 29.8.2019.
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