Originada do sânscrito, a palavra Namastê literalmente significa: Curvo-me perante a ti.
Em sentido mais amplo e difundido, expressa: O Deus que habita meu coração saúda o Deus que habita o teu coração.
Enquanto cumprimento, acompanhado de ligeira curvatura, Namastê revela o respeito que há entre indivíduos que se reconhecem partícipes da mesma essência, da mesma origem, do mesmo destino.
Como filhos de Deus, trazemos em nós o traço divino que a todos nos iguala, que nos faz reconhecer no próximo verdadeiro irmão.
Origina-se daí a recomendação do Cristo: Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.
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Voltar a lecionar ofereceu renovado ânimo à professora aposentada Ione, de noventa e dois anos.
Tudo mudou com a chegada de sua nova cuidadora, Maria da Silva, de trinta e cinco anos. Mãe de três filhos, ela contou que nunca tivera a oportunidade de ser alfabetizada.
Ao saber disso, a professora não perdeu tempo: Você gostaria de aprender a ler e a escrever?
A partir da resposta afirmativa, as aulas iniciaram. Tão logo a cuidadora chegava para trabalhar, ambas se sentavam à mesa. Ao alcance das mãos, cadernos, canetas, lápis e borracha.
Pouco a pouco, os resultados começaram a aparecer.
No alto da folha, o título: Meu primeiro ditado. Consoantes e vogais foram se somando, os sons, por meio da escrita, se materializando e as palavras, surgindo: bala, casa, dedo, fada.
O resultado também foi positivo para dona Ione, que voltou a fazer aquilo que mais ama na vida: ensinar.
Maria ganha conhecimento e vovó, alegria. Nós, familiares, também ganhamos, pois podemos presenciar uma cena linda e edificante. Vovó parece até mais jovem, relata a neta de dona Ione.
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Cada um de nós traz em si a essência Daquele que nos criou.
Quando secamos lágrimas, quando ofertamos o alimento, quando perdoamos, quando amamos desinteressadamente, quando educamos, quando valorizamos o esforço do próximo, ligamo-nos intimamente ao Criador.
Quando distendemos a mão aos necessitados, quando nos elevamos em prece por aqueles que já retornaram às moradas celestes, quando compreendemos as limitações alheias e a elas destinamos paciência e tolerância, sintonizamo-nos perfeitamente com Aquele que é a fonte de toda a vida.
Vós sois deuses, ensinou-nos Jesus. Por meio de nossas escolhas, de nossos pensamentos, ações e vontade, tornamo-nos instrumento divino no concerto da Criação.
Em meio às dúvidas, na falta de fé, quando os passos se tornam vacilantes; em momentos nos quais sentimos medo ante os desafios que se fazem necessários ao nosso progresso; quando ouvirmos apenas o silêncio em resposta às nossas rogativas, busquemos o próximo.
Façamos o bem. Amemo-lo.
Encontremos a assinatura divina no outro, e permitamos que ele igualmente a encontre em nós.
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Por meio de nosso irmão, obtemos respostas, ouvimos a voz celeste, alçamos um caminho para a felicidade, aconchegamo-nos no coração de Deus.
Pensemos nisso! Amemo-nos uns aos outros!
Redação do Momento Espírita,
com base na biografia de Ione Nóbrega
e de Maria da Silva.
Em 22.5.2019.
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