Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Falta amar

Um vídeo circulou pelas redes sociais. Mostrava algo bastante singelo e valioso: filhos adolescentes, jovens, ligando para seus pais para dizer simplesmente: Eu te amo.

Eram ligações de celular, inesperadas, a qualquer hora do dia. O pai ou a mãe atendiam, ouviam um Olá e logo depois: Pai, mãe, eu queria dizer que te amo. Só liguei para dizer isso.

As reações foram belíssimas. Pais dizendo: Puxa, como é bom ouvir isso. Eu também te amo, meu filho.

E do lado de cá, de quem estava fazendo as chamadas, da mesma forma: lágrimas de emoção de jovens que, raramente, ou nunca haviam proferido tais palavras.

Como se o simples contato com essas palavras mágicas, quando verdadeiramente sentidas, já provocasse neles algum tipo de transformação.

Muitos podem dizer que o amor está subentendido, está nos gestos, na companhia diária, não exige provas. E que talvez não precise ser declarado.

Muitos temem ser pieguismo expressar-se dessa forma. Será?

Banalizamos o Eu te amo, é certo, recitando-o da boca para fora muitas vezes, automaticamente.

As paixões avassaladoras e efêmeras se apropriaram dele, tornando-o menor, pois da mesma forma que o amor nasce, voraz, também morre, triste, pouco tempo depois em relações vazias.

O Eu te amo dos altares enfeitados, das grandes festas, não sobrevive às primeiras intempéries de muitos casamentos.

Esse amor das infinitas canções, das belas obras, mas também das puramente sentimentalistas, que nada acrescentam para a verdadeira arte.

Curioso. O Eu te amo foi dito tantas vezes que parece ter enfraquecido pelo mundo afora, praticamente caindo no esquecimento.

*   *   *

Não falta amor nos poemas, nas músicas, nas bocas. Falta, sim, amar.

Não falta amor nos lares, nas famílias: falta amar.

Não falta amor nos pensamentos, nas ideias: falta amar.

Não falta amor nas potências de nossa alma. Falta, sim, o movimento do amar.

E muitas vezes, a expressão pura e simples desse amor já é grande parte desse amar.

Quando verdadeiramente sentimos dentro de nós essa afeição profunda, esse querer bem, essa consciência do quão importante é aquela pessoa, nada mais natural do que dizer, do que extravasar.

Bom para quem diz, pois se encharca de suas vibrações benfazejas e revigorantes.

Bom para quem ouve, pois recebe muito mais que palavras. Recebe o conforto, o aconchego e a gratidão que tal declaração guarda em si.

Ouvir um Eu te amo de verdade, é como ser levado pelas mãos a um passeio, uma viagem para um mundo melhor, de menos preocupações e sofrimentos, um refrigério para a alma em luta na Terra.

Voltamos renovados, dispostos a seguir adiante e mais, voltamos conhecendo o amor um pouco melhor.

Ainda sabemos pouco do amor em sua profundidade. Estamos dando os primeiros passos depois de deixar o primitivismo necessário.

Falta amar para encontrá-lo e permanecer nele por mais tempo.

Falta amar para podermos declará-lo sem medo de pieguismos empobrecedores.

Falta apenas amar, nada mais.

Redação do Momento Espírita.
Em 15.5.2019.

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998