É comum, nas grandes cidades, se encontrar cães abandonados, vagando pelas ruas.
Ficam à procura de algo que lhes mate a fome e a sede. Nota-se-lhes no olhar o desamparo. Quando filhotes, não sobrevivem.
E se um pouco maiores, normalmente, não sabem andar sozinhos pelas ruas, atravessando de forma perigosa e sendo atropelados.
O que é, acima de tudo, lamentável é o simples descarte que sofrem.
Vários são os motivos do abandono. É a rejeição à fêmea com filhotes ou cães que ficaram velhos ou doentes.
Também pela mudança de residência dos proprietários, que os deixam para trás, como objetos que não combinam com o layout do novo ambiente.
Outros ainda os deixam em logradouros públicos porque o cão cresceu mais do que esperavam. Diga-se, isso deveria ter sido visto no momento da sua aquisição ou adoção.
Mas, o maior número de abandonos ocorre justamente no período das férias mais prolongadas, compreendendo o final e início de ano.
Em vez de procurarem quem fique com o animal, ou um local onde possa ser bem cuidado, durante a sua ausência, simplesmente o abandonam.
Já nos perguntamos a respeito da saúde física e emocional desses animais? Quantos morrerão por falta de cuidados.
Quantos adoecerão e morrerão pela ausência daqueles a quem estavam acostumados a recepcionar entre latidos e lambidas, recebendo afagos em troca.
Sentirão a falta não somente da ração e da água, da cama quentinha, da proteção de que desfrutavam. Mais do que isso, a ausência daqueles a quem se dedicavam, lhes minará as energias.
Morrerão, mais cedo ou mais tarde, também pela tristeza que padecerão.
O que possivelmente não nos estamos dando conta não é somente da crueldade que cometemos ao abandoná-los, diga-se, considerado crime conforme a Lei de Crimes Ambientais.
É a mensagem de descarte que passamos para as novas gerações. Essas crianças que recebem o cãozinho como presente, que brincam e até dormem com ele, veem os pais decidirem que agora ele é um incômodo.
Por isso, será jogado em algum lugar, sem preocupação alguma.
Isso se chama descarte de afeição. Descarte de amor.
Será de nos admirarmos que um dia, quando as forças nos faltarem, quando a enfermidade nos abraçar, com violência, recebamos dos nossos filhos a indiferença?
Ou talvez o abandono?
Será de nos admirarmos que nossos filhos acreditem que qualquer amigo é descartável? Que mensagem estamos lhes oferecendo, agora?
Quem nos ama, quem nos oferece afeto, pode ser descartado quando se torne inconveniente. Isso é o que estamos demonstrando.
Pensemos a respeito. Reformulemos nossas atitudes. Se as palavras convencem, serão sempre os exemplos que falarão mais alto.
E as crianças aprendem o que vivem, muito mais do que o que lhes é ensinado pelas palavras, por vezes, vazias de verdadeiro conteúdo.
Somos responsáveis pelos animais que vivem conosco. Não estão somente sob a nossa guarda. Eles nos oferecem, todos os dias, a sua atenção.
Temos o dever de cuidar da sua saúde de maneira total. Tanto quanto exemplificar a nobreza, a dignidade em todas as nossas ações para aqueles a quem devemos servir de exemplo.
Redação do Momento Espírita.
Em 19.4.2019.
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