Conta-se que o conquistador mongol Genghis-Khan tinha como animal de estimação um falcão. Com ele saía a caçar. Era seu amigo inseparável.
Certo dia, em uma das suas jornadas, com o falcão como companhia, sentiu muita sede. Aproximou-se de um rochedo de onde um filete de água límpida brotava.
Tomou da sua taça, encheu até a borda e a levou aos lábios. No mesmo instante, o falcão se jogou contra a taça e o líquido precioso caiu ao chão.
Genghis-Khan ficou muito irritado. Apanhou o recipiente e o tornou a encher. De novo, antes que ele pudesse beber uma gota sequer, o falcão investiu contra sua mão, fazendo com que a taça caísse e se perdesse a água.
Dessa vez, o impiedoso conquistador olhou para a ave e gritou:
Vou tornar a encher a taça. Se você a derrubar outra vez, impedindo que eu beba, perderá a vida.
Na mão direita segurando a espada mongol, com a esquerda ele tornou a colocar a taça debaixo do filete de água e a encheu.
No exato momento que a levava aos lábios, o falcão voou rápido e a derrubou.
Ágil como ele só, Genghis-Khan utilizou a espada e em pleno ar, decepou a cabeça do falcão, que lhe caiu morto aos pés.
Ainda com raiva, ele chutou longe o corpo do animal.
E porque a taça se tivesse quebrado na terceira queda, ele subiu pelas pedras para beber do ponto mais alto do rochedo, no que imaginou fosse a nascente da fonte.
Para sua surpresa, descobriu presa entre as pedras, bem no meio da nascente, uma enorme cobra venenosa. O animal estava morto há tempo, com certeza, porque mostrava sinais de decomposição. O cheiro era insuportável.
Nesse instante, e somente então, o grande conquistador se deu conta de que o que o falcão fizera, por três vezes, fora lhe salvar a vida, pois se bebesse daquela água contaminada, poderia adoecer e morrer.
Tardiamente, lamentou o gesto impensado que o levara a matar o animal, seu amigo.
* * *
Assim, muitas vezes, somos nós. A Providência Divina estabelece formas de auxílio para nós e não as entendemos. Pelo contrário, nos rebelamos.
Por vezes, a presença de Deus em nossas vidas se faz através dos sábios conselhos de amigos. Contudo, quando eles vêm nos falar de como seria mais prudente agirmos nessa ou naquela circunstância, nos irritamos. E podemos chegar a romper velhas amizades.
De outras vezes, Deus estabelece que algo que desejamos intensamente, não se concretize. Algo que almejamos: um concurso, uma viagem, um prêmio, uma festa, um determinado emprego. É o suficiente para que gritemos contra o Pai, nos dizendo abandonados, esquecidos do Seu apoio.
Raras vezes paramos para pensar e analisar sobre o que nos está acontecendo. Quase nunca nos perguntamos: Será a mão de Deus agindo, para dizer que este não é o melhor caminho para mim?
Nada ocorre ao acaso. Tudo tem uma razão de ser.
Estejamos atentos. Busquemos entender as pequenas mensagens que Deus nos envia, de forma constante.
E não nos irritemos. Não nos alteremos. Agradeçamos. A Mão de Deus está agindo em nosso favor, em todos os momentos, todos os dias.
Redação do Momento Espírita, com base no
texto O rei e o falcão, adaptação de James Baldwin,
de O livro das virtudes, de William J. Bennett, ed.
Nova Fronteira.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP.
Em 14.3.2019.
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