Um dia, o executivo de uma grande empresa contratou, pelo telefone, um jardineiro autônomo para fazer a manutenção do seu jardim.
Chegando em casa, verificou que se tratava apenas de um garoto de uns quinze ou dezesseis anos de idade. Contudo, como já estava contratado, pediu para que ele executasse o serviço.
Quando terminou, o jovem lhe solicitou permissão para utilizar o telefone e o executivo não pôde deixar de ouvir trechos do diálogo que aconteceu.
O garoto ligou para uma mulher e perguntou:
A senhora está precisando de um jardineiro?
Não. Eu já tenho um, foi a resposta.
Mas, além de aparar a grama, frisou ele, eu também tiro o lixo.
Nada demais, retrucou a senhora, do outro lado da linha. O meu jardineiro também faz isso.
O garoto insistiu: Eu limpo e lubrifico todas as ferramentas no final do serviço.
O meu jardineiro também, tornou a falar a senhora.
Eu faço a programação de atendimento o mais rápido possível.
Bom, o meu jardineiro também me atende prontamente. Nunca me deixa esperando. Nunca se atrasa. Vem sempre no dia que agendamos previamente.
Numa última tentativa, o menino arriscou: O meu preço é um dos melhores.
Não, disse firme a voz ao telefone. Muito obrigada! Tenho certeza de que o preço do meu jardineiro é muito bom. Não preciso de nenhuma outra oferta.
Desligado o telefone, o executivo disse ao garoto:
Meu rapaz, pelo que pude deduzir da sua conversa com essa pessoa, você perdeu um cliente.
Claro que não, foi a resposta rápida. Eu sou o jardineiro dela. Fiz isso apenas para medir o quanto ela estava satisfeita comigo.
* * *
Em se falando do jardim das afeições, quantos de nós teríamos a coragem de fazer uma pesquisa semelhante a desse jardineiro?
E, se fizéssemos, qual seria o resultado? Será que alcançaríamos o grau de satisfação daquela cliente?
O que diriam a respeito da nossa forma de expressar sentimentos?
Poderiam dizer que temos, sempre em tempo oportuno e preciso, aparado as arestas dos azedumes e dos pequenos mal-entendidos?
Diriam que temos deixado acumular muito lixo de mágoas e de indiferença nos canteiros onde deveriam se concentrar as flores da afeição mais pura?
Diriam que temos deixado enferrujar as ferramentas da gentileza, da simpatia, esquecidos de lubrificá-las com pequenos gestos, um sorriso, atendendo as necessidades e carências desses que conosco convivem?
E, por fim, qual tem sido o nosso preço? Temos usado chantagem, autoritarismo ou, como o jardineiro sábio, temos cuidado das mudinhas das afeições com carinho e as deixamos florescer, sem sufocá-las?
* * *
O amor floresce nos pequenos detalhes. Como gotas de chuva que umedecem o solo ou como o sol abundante que se faz generoso, distribuindo seu calor.
A gentileza, a simpatia, o respeito são detalhes de suma importância para que a florescência do amor seja plena e frutifique em felicidade.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita,
com base em texto de autoria ignorada.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 5, ed. FEP.
Em 6.3.2019.
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