Qual a utilidade da infância para o Espírito que retorna à Terra através da reencarnação?
Por que, como seres humanos, temos uma infância tão longa, comparada a todos os animais irracionais?
A resposta a estas perguntas tem nuances muito interessantes e importantes para nossa vida.
Primeiramente precisamos compreender que esse ser pequenino, que os genitores conduzem em seus braços carinhosos, não passa de milenário viajor da evolução para o Criador.
Sim, exatamente: um Espírito imortal que volta ao orbe terrestre com objetivos muito claros, envolvendo a autossuperação, a reestruturação do caráter moral e abrilhantamento intelectual.
Este ser passa sempre por um processo de esquecimento do passado, recebendo a nova existência como uma nova oportunidade. É um verdadeiro começar de novo.
Renasce desprotegido, totalmente dependente, inspirando cuidados e amor a todos que estão ao seu redor.
Para não lhe impor uma severidade muito grande, Deus lhe dá todo o toque da inocência.
Essa inocência não é uma superioridade real sobre o que era antes. Não, é a imagem do que deveria ser.
E a bondade e beleza dos desígnios divinos não param por aí, pois não é apenas por esse ser que o Criador lhe dá esse aspecto. É também e, principalmente, por seus pais, cujo amor é necessário para sua fragilidade.
Esse amor seria notoriamente enfraquecido frente a um caráter impertinente e rude, ao passo que, ao acreditar que seus filhos são bons e dóceis, os pais lhes dão toda afeição e os rodeiam com os mais atenciosos cuidados.
Ainda há uma segunda razão, uma segunda utilidade para o período conhecido como infância.
O Espírito, encarnado para se aperfeiçoar, é mais acessível, durante esse tempo, às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento.
A criança é verdadeira esponja a sorver tudo o que acontece à sua volta.
Através dos exemplos que recebe, molda sua nova personalidade com características saudáveis ou não.
O que virem como usual no comportamento dos progenitores e tutores, tomarão para si com facilidade muito grande.
Imitarão o palavreado, os gestos e as atitudes frente a esta ou aquela situação.
É desta forma que aqueles que estão encarregados de sua educação desempenham um papel fundamental.
Assim, eis a séria advertência do Espiritismo aos pais e educadores:
Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus, que traz da sua existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar-se.
Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho.
Espreitem, pois, os pais os menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios, e cuidem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas.
Façam como o bom jardineiro, que corta os brotos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore.
Redação do Momento Espírita, com base nos itens 383 e 385 de
O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB; no cap. XIV, item 9,
do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec,
ed. FEB e na pt. 1, do livro Desafios da educação, pelo
Espírito Camilo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em 23.1.2019.
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