A caridade possui muitas cores.
Semelhante a uma luz branca que passa por um prisma, ao passar pela polarização da vida na Terra, ela se decompõe numa infinidade de colorações belíssimas.
Eis uma dessas cores.
Uma autoestima elevada é capaz de nos fazer ganhar o céu, mesmo estando ainda sofrendo a gravidade da Terra.
Certo escritor narra uma experiência singular que viveu numa agência dos correios:
Estava na fila, esperando para registrar uma carta.
Observava o funcionário de registro trabalhando, e o percebia fatigado com sua atividade intensa: pesando envelopes, entregando selos, dando troco, preenchendo recibos...
Assim, disse para mim mesmo: “Vou tentar fazer este rapaz gostar de mim.”
Obviamente, para conseguir, teria que dizer alguma coisa bonita, não sobre mim, mas sobre ele.
Perguntei-me novamente: “O que há sobre ele que eu possa admirar com sinceridade?”
Eis uma pergunta difícil de responder, principalmente quando se trata de estranhos. Mas, neste caso, foi fácil. Instantaneamente, vi algo que admirei.
Enquanto pesava meu envelope, observei com entusiasmo: “Certamente eu desejaria ter a sua cabeleira!”
Ele levantou a vista meio assustado. Sua fisionomia irradiou sorrisos.
“Bem, ela não está tão bem como já foi”, disse modestamente.
Assegurei-lhe que, embora pudesse ter perdido certa quantidade de cabelos, mesmo assim continuava magnífica.
Ficou imensamente satisfeito. Demoramo-nos numa pequena e agradável conversa, e a última coisa que ele me disse foi: “Muitas pessoas têm admirado meus cabelos!”
Aposto que aquele rapaz saiu para almoçar andando à vontade. Aposto que, quando foi para casa, à noite, contou tudo à esposa. Aposto como se olhou no espelho e disse: “É uma bela cabeleira!”
Certa vez, ao narrar este caso em público, ouvi de uma pessoa: “ O que o senhor queria conseguir dele?”
Ora, o que eu estava procurando conseguir dele!!!
Será que somos tão desprezivelmente egoístas, que não podemos irradiar uma pequena felicidade e ensejar uma parcela de apreciação sincera, sem procurar obter alguma coisa de outra pessoa como recompensa?
O autor termina dizendo: Sim, eu queria alguma coisa daquele rapaz. Queria alguma coisa que não tinha preço. E consegui.
Consegui a satisfação de fazer alguma coisa por ele, sem que ele necessitasse fazer alguma coisa por mim como retribuição.
Isso significa um sentimento que crescerá e ecoará na memória dele, mesmo muito tempo depois de passado o incidente.
* * *
Quantas formas de desenvolver o amor, de praticar a caridade...
Quando começarmos a perceber, a sentir o prazer intenso, a gratificação suprema de fazer os outros felizes, começaremos a perseguir ardentemente a caridade.
Começaremos a buscá-la incessantemente, em suas mais diferentes cores e tons.
Cada nova descoberta, cada nova cor da caridade vislumbrada, então será motivo de festa, de celebração ao amor, e a Deus.
Redação do Momento Espírita, com base em
trecho do cap. 6, do livro Como fazer amigos e
influenciar pessoas, de Dale Carnegie, livro 2,
ed. Companhia Editora Nacional.
Em 2.1.2019.
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