Na manhã clara, subimos a rua, a fim de aguardarmos a condução que nos conduziria à empresa. Novamente, ao chegarmos frente à casa em plena reforma, paramos.
Desde algumas semanas, quando os trabalhos começaram a dar uma nova forma à moradia, passamos a admirar o esmero em cada detalhe.
A cada dia, a casa se tornava mais bonita, ampla, semelhando espetacular mansão, enchendo os olhos dos vizinhos.
Há beleza no conjunto e nas particularidades, desde as lajes da entrada aos canteiros do jardim. Do telhado novo, pintado, aos contornos das janelas ovais.
Enquanto a admirávamos outra vez, intimamente pensando no bom gosto dos seus proprietários, o dono da casa chegou ao portão e, vendo-nos embevecidos na contemplação, entabulou conosco animada conversação.
Falamos de nossa admiração pelo conjunto arquitetônico e ele disse do tanto ainda por fazer e por gastar, não deixando de mencionar o quanto já investira.
Foi então que, olhando detidamente nosso interlocutor, nossa admiração atingiu o auge.
O homem apresentava-se com a barba de dias por fazer, os cabelos em desalinho e na boca, raros e esparsos dentes estragados.
Enquanto ele não cessava de falar a respeito dos projetos a executar em sua moradia, uma ideia nos acudiu.
O homem estava muito preocupado com a casa que lhe abrigava o corpo. Contudo, esquecia-se de cuidar do corpo que lhe abrigava a alma imortal.
Quanto descuido! E logo com o sagrado instrumento do Espírito que é o corpo.
Quantos de nós assim procedemos? Gastamos muito em joias, perfumes, carros, viagens, lazer, aparelhos sofisticados que nos atendam aos sentidos e descuramos de atender o corpo.
Quantos nos recordamos de buscar o médico periodicamente, consultar o dentista, nos submetermos a exames clínicos e laboratoriais regularmente?
A grande maioria de nós somente comparece aos consultórios médicos e odontológicos quando a enfermidade se apresenta em adiantado estágio ou as dores se tornaram insuportáveis.
Se ele estiver muito desgastado, mais difícil se tornará a recuperação da sua economia orgânica.
No entanto, desatender às necessidades do corpo é desatender a lei de Deus.
Instrumento que nos é concedido por empréstimo, nós teremos de devolvê-lo, com as contas do quanto dele nos servimos e como o tratamos.
Se perecer antes, por descuido nosso, teremos que responder por isso, exatamente como o servidor deve cuidar do instrumento que lhe é confiado para uma tarefa.
Repensar valores é sempre oportuno. Reflexionar a respeito desse talento precioso, que é nosso corpo, se faz matéria de urgência.
* * *
O corpo é concessão de Deus para o Espírito aprender e agir, valorizando os recursos disponíveis.
É veículo com que a Divindade honra o ser imortal, facultando-lhe a ascensão aos planos celestes.
Significa oportunidade de serviço, de progresso.
Dessa forma, cabe-nos utilizá-lo de forma digna, pelos anos que nos são concedidos para viver sobre a Terra.
Atender as suas necessidades, de forma adequada é o que nos constitui dever, agradecidos pela oportunidade recebida.
Redação do Momento Espírita, com transcrições do verbete Corpo,do
livro Repositório de sabedoria – v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 14.1.2019.
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