Uma das nossas graves preocupações, na qualidade de pais, diz respeito à escolha da profissão pelos nossos filhos. Justifica-se pelo mundo de dificuldades em que vivemos.
Afinal, ansiamos pela vitória de nossa prole no cenário do mundo. Não há quem não pense em como se sentirá orgulhoso e aliviado no dia em que o filho sustentar nas mãos o canudo universitário, conquistado em anos de estudos.
É sua carta de alforria para enfrentar um mercado de trabalho sempre mais exigente.
Por isso mesmo, é comum interferirmos na escolha que deveria ser exclusiva dos filhos. Entram em campo várias considerações e não poderia faltar, naturalmente, a questão da profissão mais vantajosa, a que concede status social, aplauso público.
Contudo, toda profissão é nobre. E o nosso objetivo como educadores e orientadores dos filhos deveria ser sempre o de apontar o caminho da nobreza e do bem, deixando a senda profissional sem maiores interferências de nossa parte.
Se bem lembrarmos, todos nos servimos do pão à mesa do café da manhã. E para que o pão chegue até nossa mesa, trabalhou o agricultor que arou a terra, nela depositando a semente preciosa, para a colheita oportuna e farta do grão.
Este, por sua vez, necessitou de quem o transportasse, o motorista, que, por sua vez, precisou de quem fabricasse o veículo apropriado e o mantivesse em condições de trafegar, o metalúrgico, o mecânico.
Foi para as mãos zelosas dos funcionários dos silos, passou pelos ombros fortes dos carregadores. Transformado em farinha, necessitou da habilidade do padeiro para a feitura da massa, que não dispensou o fermento e o forno apropriado, também vindos de outras mãos profissionais.
Finalmente, circulou para os balcões das padarias e dos mercados, através de mãos operosas de repositores e vendedores e foi apanhado, ainda cedo, pela empregada que o conduziu até nossa mesa.
Um simples pão. Quantos profissionais. Anônimos e esquecidos alguns. De salários mínimos, diversos deles. Iletrados tantos. E nos permitem provar um pão fresquinho pela manhã.
Toda profissão é nobre, quando exercida com zelo. Do carpinteiro que concede forma à madeira ao que programa complicados computadores para análises astronômicas.
Da professora que desvenda os mistérios da leitura para olhos e ouvidos ávidos por aprender aos cientistas que ilustram nossas academias.
No concerto da vida, necessitamos sempre uns dos outros, numa perfeita lei divina que sugere que nos demos as mãos e nos amemos uns aos outros.
* * *
Jesus foi carpinteiro. Nasceu pobre, entre pessoas que ganhavam a vida com seu próprio trabalho.
Antes de anunciar a Boa Nova serviu na carpintaria de Seu pai. Aquelas mãos que um dia iluminariam os cegos, abençoariam os simples e curariam doentes, durante anos moldaram mesas, bancos e berços.
Aquelas mãos que conheceram calos, fadigas e arranhões, eram mãos que sabiam manejar os instrumentos de carpintaria.
Como derradeira lição, em matéria de profissão, na última ceia realizou a tarefa que era exclusiva dos escravos de então: lavou os pés dos Seus Apóstolos, reunidos no salão para as despedidas daquela noite.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
O Divino Operário, do livro Lendas do Céu e da Terra,
de Malba Tahan, ed. Record.
Em 4.12.2018.
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