Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Crueldade humana

O famoso escritor francês Voltaire disse, certa vez, que são necessários vinte anos para levar o homem do estado de planta em que se encontra no ventre de sua mãe e do estado de puro animal, que é a condição de sua primeira infância, até o estado em que começa a se manifestar com a maturidade da razão.

Disse ainda que foram necessários trinta séculos para conhecer um pouco a sua estrutura e que seria necessária a própria eternidade, para conhecer algo de sua alma. No entanto, não é preciso senão um instante para matá-lo.

Naturalmente, Voltaire se referia à morte do corpo.

Sempre com maior intensidade se tem notado o desprezo à preciosa vida humana.

Todos os dias nos chegam as notícias de guerras, de massacres, de barbáries.

Em nome do poder, da posse de riquezas, que se pode usufruir somente nesse curto período de tempo em que nos encontramos sobre o planeta, as pessoas matam umas às outras.

No século XIX, quando o Codificador da Doutrina Espírita trabalhava para a produção da obra O livro dos Espíritos, indagou às vozes celestes o porquê da crueldade ser o caráter dominante de alguns povos.

A resposta dos luminares foi que entre os povos primitivos a matéria sobrepuja o Espírito.

Eles se entregam aos instintos animais e como não têm outras necessidades além das corpóreas cuidam apenas da sua conservação pessoal.

É isso que geralmente os torna cruéis. Além disso, os povos de desenvolvimento imperfeito estão sob a influência de Espíritos igualmente imperfeitos que lhes são simpáticos.

Consequentemente, agem sob o comando deles.

Tomando ciência disso, nos analisamos e concluímos que muitos nos enquadramos nessas descrições. Ainda temos ditadores no mundo, que subjugam o povo e o maltratam, exigindo dele uma quase adoração.

E mostram sua crueldade para todos aqueles que não os homenageiam quando passam pelas ruas, ou ousam dizer uma mínima palavra contra o que fazem ou o que pregam.

Mesmo em civilizações mais adiantadas, existem criaturas tão cruéis como os selvagens, da mesma maneira que numa árvore carregada de bons frutos existem os temporões. São lobos extraviados em meio a cordeiros.

Como a lei é de progresso, guardamos a certeza de que a Humanidade progride. Essas criaturas, dominadas pelo instinto do mal, que se encontram entre os homens de bem, desaparecerão pouco a pouco como o mau grão é separado do bom quando joeirado.

Necessitarão retornar e retornar, em novos corpos, para o exercício do aperfeiçoamento, para que adquiram qualidades novas.

A todos nós, educadores, pais e professores cabe o dever inadiável de estimular os sentimentos nobres nas gerações, através de exemplos dignificantes, onde a vida seja considerada bem precioso demais para ser desprezado ou destruído, em nome de qualquer bandeira política, religiosa ou de caráter particular.

*   *   *

Todas as faculdades existem no homem em estado latente.

Elas se desenvolvem de acordo com as circunstâncias mais ou menos favoráveis.

Assim, o senso moral existe no selvagem, no que hoje se apresenta como mau e cruel, como o princípio do aroma no botão de uma flor que ainda não se abriu.

Trabalhemos para que ele desabroche o quanto antes, em nós, em cada ser humano.

Redação do Momento Espírita, com base nas
pergs. 752 a 756 de
O livro dos Espíritos, de Allan Kardec,
ed.  FEB e em pensamentos de Voltaire, colhidos no livro
Um presente especial, de Roger Patrón Luján, ed. Aquariana.
Em 3.12.2018.

 

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