O poeta das delicadezas, Khalil Gibran, assim escreve a respeito do trabalho:
Todo trabalho é vazio exceto se houver amor. E quando trabalhais com amor estais a ligar-vos a vós mesmos, e uns aos outros, e a Deus.
E o que é trabalhar com amor?
É tecer o pano com fios arrancados do vosso coração, como se os vossos bem amados fossem usar esse pano.
É semear sementes com ternura e fazer a colheita com alegria, como se os vossos bem amados fossem comer a fruta.
O trabalho é o amor tornado visível.
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Com alegria, a doce professora adentrava à classe.
Seu sorriso contagiante, sua bondade, a paciência para explicar os difíceis conteúdos da matemática faziam com que sua aula fosse uma das mais esperadas.
Entre números, sorrisos. Entre equações, incentivo. Entre fórmulas, a alegria do ensinar, que se convertia na alegria do aprender.
Por escolha popular, tornou-se diretora da escola na qual lecionava.
Em sua sala, recebia alunos e pais dos mais diversos matizes. Tantas histórias, tantas dificuldades.
Para cada um deles, uma palavra de estímulo, um voto de confiança. O auxílio abnegado em nome da educação e também em nome da fé em Deus que, otimista, cultivava em seu coração.
Tudo transcorria bem até que, um dia, recebeu a chocante notícia: um câncer de difícil tratamento tomava-lhe o organismo.
Ela não contava nem quarenta anos e, contra a doença, por meses, embrenhou-se em profunda batalha.
Por vezes, sentiu o coração temeroso. Por vezes, sentiu-se só. Em alguns instantes, revoltou-se: três filhos pequenos esperavam-lhe os cuidados.
Em momento algum, porém, deixou de sorrir, deixou de ser otimista, deixou de oferecer palavras gentis àqueles que a procuravam.
Por mais rude que fosse o tratamento, enquanto tinha forças, trabalhou alegremente. Preocupava-se com o bem-estar de seus alunos e da escola sob sua gestão.
Quando os cabelos lhe caíram, durante os jogos escolares, todos os alunos, de forma solidária, utilizaram lenços em sua homenagem.
Todavia, a doença avançou a passos rápidos e a professora alegre e festiva, que gostava de ensinar tanto quanto gostava de dançar, retornou às moradas celestes.
Após o falecimento, pais, alunos e colegas de trabalho solicitaram ao núcleo de educação a mudança do nome da escola.
Numa cerimônia emocionante, em 1º de setembro, dia do aniversário da professora, o colégio ganhou nova denominação: Colégio Estadual Professora Kamilla Pivovar da Cruz.
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Ao longo de nossas jornadas, Deus nos confia missões as mais diversas, de acordo com nossas aptidões: ensinar, curar, projetar, construir.
De que maneira temos nos portado diante do trabalho? Trata-se apenas de meio para adquirirmos os recursos financeiros necessários à sobrevivência ou nele encontramos possibilidades de ajudarmos a transformar o mundo?
Em todas as coisas percebemos o agir do Criador. Em tudo encontramos a divina assinatura.
O trabalho realizado com amor é forma de deixarmos nossa assinatura no curso da evolução. É forma de participarmos ativamente da atuação divina que, a todo instante, por inesgotável amor, cria e trabalha, sempre e sem cessar.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base na biografia da
professora Kamilla Pivovar da Cruz e com citações iniciais do cap.
Sobre o trabalho, do livro O Profeta, de Gibran Khalil Gibran,
tradução de Mansour Challita, ed. Acigi.
Em 24.10.2018.
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