Viver na Terra é um grande desafio, e toda mudança que nos ocorre na vida, necessita adaptação.
Nada se compara ao embate de assistirmos ao drama de alguns dos nossos amores envelhecendo.
Justamente aquelas pessoas que nos viram nascer, crescer, que nos ensinaram tanto.
Certo dia, eles nos surpreendem dependentes de auxílio para tudo.
Apresentam dificuldades para levar o alimento à boca. O passo se faz difícil, indeciso.
Enfim, necessitam de auxílio para quase tudo.
E o que é mais desafiador é esse idoso querido aceitar a sua realidade. Aceitar que necessita de apoio, de auxílio.
Que já não pode ficar totalmente só.
Ontem, ele comandava a própria vida. Decidia a hora de se levantar, deitar.
Podia sair a passeio, com amigos ou sozinho. Dirigia-se ao templo religioso, ao clube, ao parque.
Agora, todos os seus passos são monitorados. E ele já não pode ir aonde queira, à hora que deseje.
Nada de conversar com os amigos na rua principal da cidade, nem levar o cãozinho a passeio no parque.
Agora, todas as regras lhe são ditadas. A comida não é a que deseja, mas a que lhe é prescrita.
Precisa despertar quando desejaria dormir. Precisa dormir quando desejaria ficar acordado um tanto mais.
Um verdadeiro drama.
Nesse momento, as manobras carinhosas precisam de adaptações que favoreçam um saudável relacionamento conosco, os que os devamos assistir.
Necessário montar estratégias específicas para enfrentar ou contornar situações.
Colocar-se no lugar do idoso, para melhor compreendê-lo. Pensarmos se nós, na sua situação, não estaríamos, talvez, reagindo de forma negativa.
Ou nos permitindo o envolvimento pela tristeza, ante tantas dificuldades que se apresentam, acrescidas pelo registro das tantas vidas ausentes da nossa própria existência.
Ter em mente, no trato com esses que avançaram nos anos, que suas almas continuam ativas e voluntariosas, embora a máquina física esteja falhando em alguns pontos.
Saber aproveitar dessa sabedoria dos anos vividos é salutar, para nós e para eles.
Perguntar-lhes a respeito de ocorrências passadas, da história do país, do mundo que eles viveram, os estimulará a recordar.
E lhes dirá que continuam sendo importantes para nós, para nossos filhos, para as gerações que estão chegando. Afinal, eles são a história viva.
Diga-se, história muito mais expressiva, por vezes, do que a que lemos nos livros. Porque os relatos deles têm emoção, tem impacto.
Honremos nossos idosos, sejam pais, parentes próximos ou simplesmente, aqueles com quem convivemos, no círculo do companheirismo e da amizade.
Se a morte não nos abraçar antes, chegaremos lá. E, com certeza, desejaremos ser aceitos, compreendidos, respeitados, amados, atendidos em nossas necessidades.
Afinal, muito mais importante do que sermos colocados para tomar o sol da manhã, será desfrutarmos, todos os dias, dos raios benéficos da afeição.
Por fim, tenhamos em mente que nossos filhos nos observam e aprenderão conosco como devem ser tratados os que acumularam rugas no esforço pelo bem da família, pelo progresso do país.
Afinal, se Deus nos permitir, um dia chegaremos lá. E somente o Pai sabe se estaremos hígidos, lúcidos ou se necessitaremos, intensamente, dos cuidados alheios.
Redação do Momento Espírita.
Em 20.10.2018.
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