Charles Plumb era piloto e, certa vez, seu avião foi derrubado, durante uma missão de combate.
Ele saltou de paraquedas, salvando a vida. Caiu em campo inimigo, foi capturado e passou seis anos como prisioneiro.
Sobreviveu e ao retornar ao seu país, começou a fazer palestras, relatando a sua odisseia e o que a prisão lhe ensinara.
Certo dia, em um restaurante, foi saudado por um homem:
Olá, você é Charles Plumb, o piloto que teve seu avião derrubado, não é mesmo?
Sim, respondeu. Como você sabe?
Ora, era eu quem dobrava o seu paraquedas. Parece que funcionou bem, não é verdade?
O piloto ficou boquiaberto. Muito grato, afirmou:
Claro que funcionou, caso contrário eu não estaria aqui hoje.
Naquela noite, ele não conseguiu dormir, pensando e pensando.
Quantas vezes vi esse homem no porta-aviões e nunca lhe disse “Bom dia”? Eu era um piloto arrogante e ele, um simples marinheiro.
Pensou nas horas que o marinheiro passou humildemente no barco, em meio a tantos outros pilotos, tão senhores de si, como ele próprio se considerava.
Pensou que o marinheiro teve em suas mãos habilidosas, que enrolavam os fios de seda dos paraquedas, as vidas de tantos que nem conhecia.
Mas a sua tarefa bem realizada era a responsável por vários deles continuarem a viver.
Todos os que haviam precisado de um paraquedas, um dia.
Hoje, quando Plumb inicia as suas palestras, o faz perguntando à plateia:
Quem dobrou o seu paraquedas hoje?
Porque a vida é assim. Todos temos alguém cujo trabalho é importante para que possamos seguir adiante.
Precisamos de muitos paraquedas durante o dia: físicos, emocionais, mentais, espirituais.
Precisamos do coletivo e o motorista nos conduz, tendo nas suas mãos as nossas vidas. Mas nem o olhamos.
Na repartição, aguardamos o cafezinho com quase ansiedade, desejando realizar a pausa entre as tarefas e saboreá-lo, com calma.
No entanto, nos esquecemos de olhar nos olhos da funcionária que o serve, de a cumprimentar, de perguntar se está bem. Sequer lhe sabemos o nome.
Entramos no elevador, dizemos o andar que desejamos, sem desejar um Bom dia ao ascensorista que passa horas, dentro daquela caixa, que sobe e desce, sem parar.
Por vezes, perdemos de vista o que é verdadeiramente importante.
Esquecemos das pessoas que nos salvam no momento oportuno sem que lhes tenhamos pedido.
Dos que nos suportam, dos que nos oferecem o ombro amigo para chorar. Dos que ouvem as nossas lamúrias e as nossas alegrias.
Deixamos de saudar, de agradecer, de dizer algo amável, de sorrir.
E que dizer dos amigos espirituais? Nosso anjo de guarda que se desvela em cuidados?
Deus, que todos os dias, pinta quadros novos de beleza para nosso deleite?
Deus, cujo amor nos sustenta, cuja misericórdia nos alcança.
Lembremos de mostrar nossa gratidão.
Um telefonema, um sorriso às pessoas. Um pequeno cartão. Um mimo inesperado em invólucro delicado.
Um instante de reflexão. Uma prece. Uma oração de gratidão.
Obrigado, Senhor, por tudo que eu tenho. Por tudo que me dás. Pelo pão, pelo ar, pela paz. Por minha vida. Pela vida dos meus amores.
Pelo dia de hoje, obrigado, Senhor.
Redação do Momento Espírita, com base
em palestra de Divaldo Pereira Franco.
Em 17.10.2018.
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