Tudo eram planos de felicidade. Dessa felicidade que se aguarda se perpetue, porque estamos ao lado de quem amamos.
O jovem casal vivia os dias de um namoro iniciado há pouco, embora a convivência e a amizade datassem dos dias da infância.
Juntos haviam cursado os mesmos bancos escolares, chegado ao curso universitário, cada qual definindo a sua área de atuação, no âmbito profissional.
Então, ela surgiu com a notícia de uma possível gravidez e resolveram tudo apressar.
No apartamento minúsculo, entre familiares e amigos, marcaram a data do casamento para breve.
Depois, buscaram o obstetra a fim de que tudo pudesse acompanhar.
Concluídos os exames, a grande surpresa. Ela não estava grávida.
Mas, então, indagou Patrícia, o que é isso que sinto crescer dentro de mim?
O diagnóstico a deixou apavorada. Era um câncer devastador.
Parecia que o chão lhe fora retirado dos pés. Em um momento, tudo eram flores, colorido, sonhos de ventura.
Em outro, a perspectiva de tratamentos agressivos, cirurgia. E, com poucas chances de sobrevida.
Então, veio a raiva, a inconformação: Por que eu? Por que agora, na flor da idade, com tanto a fazer e conquistar?
Em meio a consultas, exames, procedimentos que lhe tomavam longas horas, uma grande questão foi se apossando dos pensamentos de Patrícia:
Quando ela se fosse, quem cuidaria de André? Quem diria a ele, todo dia, pela manhã, o local exato onde abandonara os óculos na noite anterior?
Quem lhe diria que ele estava saindo com uma meia de cada cor? Quem prepararia as suas refeições balanceadas, de forma cuidadosa?
Um plano mirabolante tomou conta dela: ela procuraria alguém, uma mulher ideal, para que ficasse com ele quando ela partisse.
Quando ele tomou conhecimento do que ela planejara e estava executando, pediu que parasse de imediato.
Afinal, se depois que ela se fosse, decidisse ter alguém ao seu lado, ele mesmo escolheria.
Infelizmente, um tempo precioso fora empregado na ansiedade de Patrícia para encontrar a esposa perfeita para o seu amor.
A doença progredira de forma violenta e tudo prenunciava a sua partida muito em breve.
Só então ela se conscientizou de que não se permitira viver intensamente aquele amor que lhe era oferecido, não aproveitara a companhia do amado naqueles meses derradeiros.
Ela esquecera de viver o presente. E lamentava agora, quando as forças a abandonavam e não podia mais desfrutar de tantos bons e maravilhosos momentos.
* * *
A vida é feita de momentos que nunca se reprisam de igual forma.
Poderemos repetir os passeios, mas jamais o pôr do sol será idêntico, nem a brisa revolverá os cabelos amados do mesmo jeito.
Poderemos reprisar abraços, beijos, afagos, contudo, a emoção nunca será a mesma.
Exatamente porque Deus é tão extraordinário que nos possibilitou emoções sempre renovadas.
E também dispõe a natureza de maneira a jamais reprisar uma aurora, nem um anoitecer.
Então, nos compete viver cada dia, cada minuto, desfrutando e oferecendo amor. Sem perder nada, sem desperdiçar segundo algum.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 3.10.2018.
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