Ekaterina vive na Rússia com seus pais. Desde cedo, revelou habilidades para a pintura.
Correndo os pincéis pelas telas, despontam paisagens harmoniosas: o céu luminoso, os jardins convidativos, os animais de feição serena, o mar manso e pacífico.
Sem dúvidas, um talento notável, mas não excepcional, para uma menina de dez anos bastante disciplinada.
Isso, não fosse o fato de padecer, desde os três meses de idade, de distrofia muscular, grupo raro de doenças degenerativas que atingem os músculos, impossibilitando-os de se desenvolverem corretamente, o que causa fraqueza e inúmeras deficiências.
Atualmente, a pequena Kate não pode mais falar, levantar os braços, respirar por conta própria e arcar com o peso da própria cabeça.
Ela utiliza uma cadeira de rodas para se locomover e, a fim de auxiliá-la a superar suas limitações, faz diversas sessões de terapia, o que lhe toma grande parte do tempo.
Todavia, embora os abundantes compromissos que sua frágil saúde exige, Kate não esquece seu amor pela arte.
Quando deitada, delicadamente seus pais a viram de lado. Uma tela e múltiplas tintas são posicionadas bem ao lado do seu diminuto corpo. Pincéis são postos em suas débeis mãos.
Silenciosa, por um instante, ela contempla a tela em branco, possivelmente dando asas à sua imaginação. Pouco a pouco, paisagens repletas de harmonia e tranquilidade vão surgindo.
O talento de Kate é notável. Porém, sem lucrar com sua habilidade, seus pais decidiram doar suas obras a diferentes instituições, em especial àquelas que cuidam de crianças.
A luta da pequena e de sua família causa admiração de incontáveis pessoas. Diariamente, eles recebem inúmeras mensagens de apoio, que são lidas para Kate por sua mãe.
A gentil menina pisca de leve os olhos e, com um doce sorriso no rosto, retorna às suas pinturas, retratando aquilo que se passa em seu mundo interior, tão cheio de mansidão e de paz.
* * *
A verdade é que todos nós padecemos, moralmente, de deficiências as mais diversas. O orgulho, o egoísmo, a vaidade e tantas outras mazelas ainda se fazem presentes em nós, em maior ou menor grau.
Partícipes que somos de nossa própria criação, é nosso dever ultrapassarmos os limites de nós mesmos, por meio do esforço pessoal, da reforma íntima, da prática do bem.
Jesus, irmão, amigo e guia da Humanidade, legou-nos a aquarela com a qual podemos colorir nossas existências, acinzentadas pelas faltas morais.
Para a vaidade e para o orgulho, a nobre tinta da humildade. Para o egoísmo, a delicada cor da caridade. Para a falta de perdão, para a impaciência, para a pressa em julgar o próximo, os tons multicoloridos do amor.
Amando, renovamos as forças, burilamos a fé, exercemos a caridade, fazemo-nos sábios, fortificamos o Espírito em marcha, tornamo-nos irmãos.
* * *
O amor é tinta que nunca seca. Quanto mais praticado, mais colorida torna-se a nossa vida. Saiamos das sombras, do cinza, do monocromático: amemos!
Redação do Momento Espírita, com base na
biografia de Ekaterina Yulia Borodulkina.
Em 17.9.2018.
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