É segunda-feira. Sonia, no primeiro ano na Universidade, sai de casa às pressas deixando o quarto em completo desastre.
Sua mãe, resignada, decide deixar passar e não lhe diz nada.
Na terça-feira, a filha volta a fazer exatamente o mesmo. Sua mãe pensa que, dessa vez, tem de lhe dizer algo, mas, como ela já saiu, terá de esperar a hora do jantar.
No final da tarde, Sonia telefona dizendo que vai chegar mais tarde porque ficou com algumas amigas.
Chega a quarta-feira e Sonia volta a sair de casa com o mesmo descuido. É a terceira vez. Ao meio dia chega em casa e cumprimenta a mãe:
Oi, mamãe. Quer ajuda com o almoço?
Levantando exageradamente a voz, a mãe responde:
Não precisa se incomodar. E faça o favor de olhar como está o seu quarto! É impraticável que você o deixe assim todos os dias!
Sonia não entende a resposta. E sua mãe, provavelmente, não queria dizer o que disse da forma que disse. Foi vítima do chamado pêndulo assertivo.
A assertividade representa a habilidade de dizer as coisas de modo a chegar apropriadamente aos ouvidos do outro.
Que sejam externadas de forma clara e, ao mesmo tempo, respeitosa, evitando que a outra pessoa se sinta agredida.
Trata-se da arte de escolher o momento oportuno, o tom adequado e o ritmo justo para expressar o que queremos ou precisamos dizer.
Como habilidade, encontra-se no ponto intermediário entre duas atitudes: a passividade (quando não nos atrevemos a dizer as coisas) e a agressividade (quando as dizemos ferindo os demais).
Esse sistema se move como um pêndulo: se nos comportamos de um jeito passivo, vamos ficando carregados emocionalmente, de modo que, quando finalmente falamos, vamos para o outro extremo e somos exageradamente agressivos.
Assim funciona o chamado pêndulo assertivo, que explica porque pessoas que sabemos serem razoáveis e ponderadas, nos surpreendem, em certos momentos, com uma agressividade desproporcional.
Controlar o efeito pêndulo é difícil. É um exercício enorme de autocontrole, porém, extremamente necessário se desejamos ter uma vida equilibrada em sociedade.
* * *
Proponhamo-nos a ser mais assertivos em nossos dias. Que o que sentimos e pensamos, possa chegar nas pessoas da melhor forma possível, sem exageros, sem animosidade.
Na assertividade como virtude há gentileza, há amorosidade e há cuidado.
Pensemos sempre em como gostaríamos que aquela informação nos chegasse, se estivéssemos do outro lado.
Em que momento? De que maneira? Usemos de empatia e certamente iremos encontrar um caminho assertivo para a situação.
Quem se propõe a pensar no outro, quem se propõe a cuidar dos sentimentos alheios, naturalmente está cuidando de seus próprios, pois quando exalamos amorosidade, nos encharcamos dela em primeiro lugar.
Evitemos acumular sentimentos e pensamentos negativos.
Entendamos que nossa mente não merece ser tratada como lata de lixo. Conforme o passar do tempo, toda essa negatividade amontoada vai como que entrando em estado de putrefação, proporcionando odor e sensação desagradáveis à alma.
Libertemo-nos, sejamos assertivos e tudo façamos com fraternidade.
Redação do Momento Espírita, com base em matéria
de Ramón Cortez, para o jornal El País, de 30.5.2017.
Em 3.9.2018.
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