Quando o assunto amor à pátria é trazido à baila, alguns apressados, tendo em mente as tantas vidas que temos sobre esta Terra, falam de sua incoerência.
Afinal, afirmam, somos simples passageiros em trânsito por este planeta, considerando que, logo mais, estaremos em outras moradas deste infinito Universo.
Sim, é verdade, transitamos por muitos lugares. Quem pode lembrar, no transcurso das tantas reencarnações, por onde já passou, somente neste planeta? Em que países já viveu?
No entanto, sabedores de que muitas vidas tivemos e muitas outras ainda aqui teremos, conforme a afirmação do Cristo de que não sairíamos daqui, até termos pago o último ceitil, ou seja, cumprirmos tudo que nos compete, não podemos deixar de pensar quantas nações diversas já integramos.
Então, nosso sentimento somente pode ser de gratidão. Se hoje amamos o torrão que nos serviu de berço, se assistimos o balançar caprichoso do pavilhão nacional, olhando a geografia do mundo, ficamos a cogitar por onde andamos, anteriormente.
Contemplando as pirâmides do Egito, as dunas do deserto, pensamos quando teremos transitado por lá. O que hoje lemos como a doutrina secreta dos egípcios, terá sido, em algum momento, nosso estudo principal?
Em que momento, afinal, admitimos a certeza da imortalidade da alma? Terá sido ali, nos templos do Egito, ou na doutrina védica da Índia?
E que mais aprendemos, transitando pelas estradas indianas?
Teremos, acaso, vivido entre o povo de Israel? Em que momento? Teremos ali bebido a fé em Yahweh e por primeira vez, decifrado as leis do Decálogo?
Países, nações... Por onde teremos transitado em tantas e tantas vidas? Não podemos esquecer da gratidão por cada uma dessas experiências na carne.
E por cada uma dessas nações que nos recebeu em seu seio, em algum momento, em alguma época.
Quando nos emocionamos com uma canção francesa, quando nos dói na alma assistir aos ataques terroristas sofridos pela capital francesa, não estaremos apenas recordando de algum tempo, em que aquela foi nossa pátria?
Nossa alma, é bem possível, seja como uma imensa colcha de retalhos de cores diferentes, plenos de saudades, plenos de gratidão.
Quantas amizades teremos construído em solo alemão? Que teremos angariado na passagem pelas terras inglesas?
Em que país nos tornamos virtuoses do piano? Em que palcos do mundo fomos aplaudidos?
Onde fomos nobres, sábios ou iletrados e simples e esquecido povo? Onde aprendemos a soletrar o verbo amar?
Terra amada, planeta azul. Quanta diversidade. Por onde andamos, do Oriente ao Ocidente, sob o sol causticante ou em terras geladas?
Gozamos do calor do sol o ano inteiro ou simplesmente ansiamos por aqueles poucos meses em que ele se fazia presente?
Imenso lar. Abençoada escola. Sim, nossa devoção pátria é hoje para o lugar em que nascemos ou que adotamos. No entanto, não podemos esquecer as bênçãos inúmeras e os extraordinários momentos que nos ofertaram a África, a Ásia, a Oceania, a Europa, a América.
Porque se todos somos filhos do mesmo Pai, vivendo neste grande lar que lhe pertence, a lição ainda e sempre é a da fraternidade que nos deve unir a todos.
E a gratidão pelos solos e acidentes geográficos que nos oportunizaram aprendizado.
Amor à pátria brasileira, hoje. Gratidão a todas as pátrias pelas quais transitamos, no ontem.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 33, ed. FEP.
Em 4.9.2018.
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