O hábito de reclamar e discutir é bastante difundido.
Ante a mínima contrariedade ou decepção, reclamações e discussões costumam surgir.
A impressão que se tem é de que todos esperam uma vida perfeita.
Como a perfeição não é deste mundo, explodem os destemperos e os atritos.
A esposa se aborrece com a pouca atenção que diz receber do esposo.
O empregado reclama das exigências do patrão.
O chefe se irrita com as falhas dos subordinados.
Irmãos se atacam, pelo menor motivo.
Estudantes reclamam do professor exigente.
Mestres discursam a respeito da pouca dedicação de seus discípulos.
Quem tem alguma enfermidade se acha uma vítima da vida.
Aquele que cuida de parente enfermo também se enfurece contra o destino.
De um modo ou de outro, as criaturas em geral parecem contrariadas.
À míngua de um mundo cor-de-rosa no qual possam viver, fazem com que todos saibam que estão descontentes.
Não têm o cuidado de processar no próprio íntimo os seus aborrecimentos.
Não perguntam a si mesmos a razão pela qual passam por dificuldades.
Especialmente, esquecem do silêncio como forma de preservar a paz do próximo.
Mas há um exemplo sobre o qual convém refletir.
Trata-se do comportamento de Jesus logo após Sua prisão.
O Mestre Divino jamais poderia ser acusado de omisso.
Sempre se posicionou com firmeza, em defesa do bem e da verdade.
Levantou com desassombro Sua voz contra as hipocrisias dos fariseus.
Esclareceu de modo vigoroso os que faziam do templo um local de comércio.
Contudo, na hora de Seu testemunho maior, calou a própria voz.
A caminho do Calvário, passou em espetáculo para o povo, com a alma mergulhada em um maravilhoso e profundo silêncio.
Sem proferir a mais leve acusação, caminhou humilde, coroado de espinhos.
Não se aborreceu com a ignorância que lhe colocou nas mãos uma cana imunda, como se fosse um bastão real.
Não se incomodou com as cusparadas dos populares exaltados.
No momento do Calvário, Jesus atravessou as ruas de Jerusalém em um silêncio pleno de significados.
Como se desfilasse diante da Humanidade inteira, ensinou a virtude da tranquila submissão à vontade de Deus.
* * *
Antes de reclamar da vida, reflitamos sobre esse exemplo.
Jesus era puro e não recusou o sacrifício.
Entretanto, nós ainda carecemos de muitas experiências para completar nosso processo evolutivo.
Se a vida nos faz exigências, aceitemos.
Não esperemos a todo momento sermos auxiliados e compreendidos.
Habituemo-nos a ser quem entende e ampara.
Tendo em mente o maravilhoso silêncio de Jesus, aprendamos a também silenciar nossas queixas.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XII
do livro Boa Nova, pelo Espírito Irmão X, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP.
Em 6.6.2018.
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