Ele era um homem forte. Há três anos, principiara a notar um enfraquecimento de seus músculos.
Começara pelas mãos, depois, nas panturrilhas, seguido pelos braços.
Uma bateria de testes foi realizada: exames de sangue, neurológicos e musculares.
E veio o diagnóstico: doença de Lou Gehrig. Um enfraquecimento devastador.
Ninguém conhece a causa nem a cura dessa enfermidade. Somente que é cruel e precisa.
É possível que outro homem tivesse ficado desesperado. Não ele, que guardava a certeza da Imortalidade.
Seus dias estavam contados. Por isso, começou a colocar tudo em ordem.
Ajeitou a casa para a esposa, instalando um sistema de rega para o jardim. Substituiu a porta da garagem por uma automatizada, mais prática.
Pintou todo o madeiramento da casa. Atualizou seu testamento, verificou as políticas de seguro.
Planejou seu funeral, adquirindo dois lotes no cemitério: um para si, outro para a esposa.
Como desejava ser sepultado à sombra de um carvalho, uma árvore bem viva, conseguiu uma autorização junto ao conselho municipal da pequena cidade, para o plantar, num dos lotes.
Comprou a muda da árvore e a plantou.
Preparou seus filhos com palavras de estímulo e cartas de amor.
Atos finais. Horas finais. Palavras finais.
Tudo refletindo uma vida bem vivida.
As horas finais estão chegando. A chama de sua vela se enfraquece cada vez mais.
Ele está em paz. Seu corpo está morrendo, mas seu Espírito vive.
Ele não consegue mais sair da cama. Escolheu viver os últimos dias em casa.
Não será por muito tempo.
Dia desses, o filho foi visitar o pequeno carvalho. A mudinha começou a se desenvolver, dando mostras da grande árvore que se tornará.
Uma árvore especial, pensou o filho, com uma missão especial.
Tocou o pequeno carvalho, sussurrando-lhe como se ele o pudesse ouvir:
Cresça. Fique alto e forte. Você guardará um tesouro valioso.
No caminho para casa, continuou pensando sobre aquela árvore. As décadas a tornariam forte. Os anos lhe acrescentariam forças.
Quando chegou em casa, o pai ainda estava acordado. O filho se curvou sobre a cama e o beijou.
Fui ver a árvore, confidenciou. Ela está crescendo.
O velho pai apenas sorriu.
* * *
É mais fácil morrer com tranquilidade quando se vive em tranquilidade. Quando se guarda a certeza de que aqui se está de passagem.
E quando se ama de verdade, age-se assim. Coloca-se a casa em ordem.
Prepara-se os amores que ficarão. Tudo se providencia para não lhes causar maiores dores que a da própria separação, as despedidas do Até logo mais.
Palavras finais. Atos finais. Cada qual abre um tesouro de promessas.
O velho carvalho fará sombra à sepultura de um grande homem. Seu Espírito se alçará liberto, feliz por ter cumprido sua missão na Terra.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
O carvalho, de Max Lucado, do livro Histórias para
o coração do homem, de Alice Gray e Al Gray,
ed. United Press.
Em 23.5.2018.
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