Ao receber a incumbência de lavar a louça, Márcia se mostrou contrariada. Afinal, disse, não gosto de fazer serviços chatos.
A avó, que estava próxima, a envolveu pelos ombros, com delicadeza, e a convidou a seguir para a cozinha.
Logo, a senhora passou a elogiar tanta coisa bonita naquele ambiente. E a menina não conseguia entender o que a avó queria, até ela começar a narrar:
Quando eu tinha a sua idade, a cozinha de minha casa era muito diferente. Como não havia água encanada, era preciso tirá-la do poço.
No início fazíamos isso com balde, puxado com corda, o que exigia grande esforço. Depois, para alegria minha e dos meus irmãos, foi instalada uma bomba manual.
Fazíamos rodízio para bombear e ver quem fazia o depósito de água transbordar.
Para lavar a louça, com uma caneca pegávamos a água do depósito para encher duas bacias grandes, que ficavam sobre uma mesa de madeira.
Uma bacia era para água quente e era preciso antes, esquentar a água no fogão, para depois ensaboar louças e panelas com sabão de pedra feito em casa. Na outra bacia colocávamos água fria, para enxaguar.
As panelas eram de alumínio, mas por falta de um produto adequado, precisavam ser areadas com areia e sabão de pedra para ficarem brilhantes.
As louças eram guardadas em uma prateleira, forrada com papel colorido.
Olhe para esta cozinha, filha: a torneira que traz a água quente ou fria, parece uma joia de tanto que brilha; o detergente é perfumado; a pia é de mármore polido; os armários branquinhos, com portas, e a mesa é de vidro.
Um luxo! Esta cozinha, comparada com a que eu tinha que limpar na sua idade, mais parece ser de um castelo de princesa.
As coisas progrediram muito. E, veja, nem se passou tanto tempo!
* * *
Nossas crianças precisam desse intercâmbio com as gerações anteriores.
Quem recebe o mundo tal qual se encontra, com tantos avanços, sequer imagina a diferença no modo de vida que separa as gerações.
Diálogos entre pais e filhos, avós e netos podem aproximá-los dessa realidade, fazendo-os valorizar as facilidades que o progresso nos trouxe em tão pouco tempo.
Pouco mais de quinhentos anos separam muitos traços medievais da realidade atual.
Quinhentos anos que permitiram aos seres humanos uma nova visão acerca de conhecimentos, que naqueles tempos viviam encurralados entre poucos beneficiários.
Apenas quinhentos anos permitiram que as conquistas da Ciência desfizessem tabus, tolas crenças, superstições e preconceitos, que tantos sofrimentos causavam.
Quinhentos anos levaram os homens à compreensão da necessidade de higiene, de prevenção e saneamento básico como defesa da saúde pessoal e coletiva.
Quinhentos anos separam o isolamento decorrente das distâncias, pelo intercâmbio imediato entre todos os pontos da Terra.
Registrando tantas conquistas, importante fazermos frequentes observações, junto às gerações mais novas, quanto à necessidade de avançarmos também nas conquistas morais.
Busquemos conquistar respeito, fraternidade, compreensão, amizade, perdão, humildade e amor, que farão de todos nós, homens e mulheres de bem, conforme o Evangelho de Jesus nos propõe.
Redação do Momento Espírita.
Em 19.5.2018.
Escute o áudio deste texto