Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Perante as tempestades

Raios caíam rasgando o céu. Trovões ressoavam sacudindo paredes. Ventos fortíssimos carregavam folhas e galhos para longe, enquanto grossas gotas de chuva desabavam sobre o telhado, fazendo um barulho ensurdecedor.

A água da chuva se juntou à do córrego, aumentando seu volume e fazendo-o transbordar, arrastando o que estivesse nas margens.

Nada era capaz de impedir aquela força descomunal que se apresentava em forma de tempestade.

Os animais, encolhidos em suas tocas, ninhos e casas, aguardavam, calados e pacientes, que a natureza se acalmasse.

Ao final de algumas horas, a chuva foi diminuindo, as nuvens escuras se afastaram, mostrando um rasgo de céu azul. Os pássaros começaram a cantar.

Despertados pela calmaria, alguns animais foram colocando as cabecinhas para fora das tocas, farejando o ar, e começaram a sair.

Apesar da aparente desordem, com galhos caídos e montes de folhas aglomeradas, o ar estava diferente, mais leve, mais fresco, mais puro.

Os antigos diziam que a chuva lavava o céu e a natureza de tudo o que fosse ruim e também era capaz de levar sentimentos que entristeciam as pessoas.

*   *   *

Quando a natureza se manifesta com toda a sua força, fazendo desabar sobre a terra fortes tempestades, aprendemos que o melhor a fazer é aguardar, pois sabemos que nada podemos contra elas.

Então nos recolhemos e esperamos o temporal amainar.

Não podemos prever quanto tempo ele irá durar, mas sabemos que certamente irá passar.

Quando enfrentamos tempestades emocionais, que nos parecem mais destrutivas do que os piores tornados, acabando relacionamentos, levando pessoas amadas, abalando amizades, derrubando nossos conceitos, sacudindo nossa autoestima, como agimos?

Sabemos confiar no Pai e aguardar as coisas e os ânimos se acalmarem ou tentamos parar a tempestade à força?

Pedimos inspiração, força e paciência para enfrentar o que não pode ser evitado ou nos revoltamos, agredindo quem estiver por perto, agarrados ao desespero, ao inconformismo e à raiva?

Somos como os discípulos de Jesus, apavorados no barco ante a tempestade, gritando de medo e mostrando que temos pouca fé?

Ou acreditamos que tempestades morais são necessárias para nosso despertar; que seguem leis naturais ou acontecem para nosso crescimento espiritual e que, em breve, passarão e delas sairemos fortalecidos?

*   *   *

A natureza se renova constantemente, e os temporais funcionam como uma faxina, levando o que precisa ser retirado.

Da mesma forma, tempestades emocionais nos ajudam a olhar para dentro de nós, detectando sentimentos negativos, vícios e defeitos que devem ser eliminados.

Muitas vezes as imperfeições estão tão arraigadas que somente um forte temporal poderá retirá-las.

À medida em que formos progredindo, deixando para trás orgulho, egoísmo e tudo o que nos atrasa a evolução, as tempestades serão cada vez mais amenas, mais breves, menos assustadoras.

A fé e o amor ao próximo serão, sempre, nossa maior proteção durante essas tempestades da vida.

Redação do Momento Espírita.
Em 9.3.2018.

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998