Quando os anos vão se somando, formando décadas, é comum olharmos para trás e analisar o que fizemos.
Naturalmente, nos felicitamos pelas conquistas: a família constituída, os filhos crescidos, os netos chegando. Também a empresa consolidada, o livro publicado, a carreira de sucesso.
Igualmente nos lembramos de algo que fizemos e que gostaríamos de não ter feito. Ao menos, não da forma que realizamos.
Ou lembramos de algum item que se encontra em nossa lista de coisas a realizar.
Se ainda nos sobram anos pela frente, ao menos em nossa matemática de vida, é bem possível que alteremos comportamentos, tomemos atitudes diferentes, iniciemos um novo projeto.
Contudo, se verificamos que muitos anos se passaram e talvez não dê para consertar aquilo em que nos equivocamos, ou completar o projeto tão pensado, uma frase pode nos atravessar a mente: Se eu pudesse viver de novo...
Então, pensamos: Se eu pudesse viver de novo, conduziria minha vida de forma diferente. Ia falar menos e ouvir mais.
Convidaria mais amigos para minha casa, sem me importar com o tapete manchado da sala e o sofá desbotado.
Ia comer pipoca na sala, tranquilamente, com a criançada, assistindo a animação que eles apreciam e não o filme que eu desejaria ver.
Ia arranjar tempo para ouvir as ricas histórias das experiências de vida dos meus avós, prestaria mais atenção ao idioma pátrio deles e me esmeraria em aprendê-lo, como uma segunda opção de língua.
Sentaria na grama com meus filhos, sem me importar com as manchas na roupa. Estaria mais com eles.
Iria rir e chorar menos pelo que assistisse na televisão e mais pelas observações da vida em si mesma.
Quando estivesse doente, me permitiria ficar acamado, a fim de me restabelecer devidamente, em vez de ir trabalhar, acreditando que sou insubstituível e que sem mim as coisas não seriam feitas. Ou não seriam feitas muito bem.
E quando meu filho me viesse beijar intempestivamente, jamais diria: “Agora, não. Estou ocupado.”
Nem o mandaria se lavar antes por estar com as mãos sujas de terra.
Enfim, haveria muito mais “Eu te amo”, “Sinto muito”, “Fique comigo”, “Me ajude”.
Mas, especialmente, se tivesse outra oportunidade de viver, eu iria agarrar cada minuto, olhar para ele e vivê-lo. Vivê-lo de forma intensa, como único.
* * *
Se ainda dispomos deste dia, façamos algo diferente, já, agora. E vivamos muito bem as próximas horas, meses, anos o que tenhamos, o que nos reste.
Se, no entanto, estamos no declínio da vida e a enfermidade ou outra questão de relevância nos tolhe a execução de tudo que ansiamos fazer, pensemos que haverá, sim, uma oportunidade de viver de novo.
Ela se chama reencarnação. Dessa forma, se nos for impossível reformular caminhos agora, pensemos no amanhã como algo concreto.
Retornaremos ao cenário da Terra, num corpo novo, tudo recomeçando. Então, desde já nos esmeremos em tecer propósitos de uma vida plena de idealizações positivas.
Guardemos a certeza de que os amores conquistados nesta vida estarão conosco, acompanhando-nos os ideais.
E que tudo que construímos no hoje se refletirá nesse amanhã de retorno.
Pensemos nisso: todos retornaremos. Por isso, a melhor decisão é contribuir para um mundo melhor, desde o hoje, o mundo que encontraremos quando estivermos de volta.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo
Se eu pudesse viver de novo, de Erma Bombeck,
da Revista Seleções Reader’s Digest, dezembro 1982.
Em 8.2.2018.
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