Na extensa praia, em plena manhã de primavera, um caranguejo corria na areia em companhia de sua mãe.
Observando o filho, a mãe o corrigiu: Não corra de lado! Andar para frente é muito mais adequado.
O jovem caranguejo respondeu sem demora: Claro, mamãe, quero aprender. Mostre como se anda para frente e eu farei como você.
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A fábula é simples, mas nos oferece ensejo de profundas reflexões em torno da educação das novas gerações.
Movidos pelo desejo de preparar os filhos para que sejam os cidadãos responsáveis da sociedade de amanhã, muitas vezes não nos damos conta de que estamos tentando educar só com teorias, sem o correto exemplo.
As palavras, sem dúvida alguma, são importantes, mas o exemplo vale mais.
Nesse contexto, é comum observarmos contradições de nossa parte, enquanto pais e educadores.
Enquanto promovemos campanhas para que a população não faça uso da automedicação, vemos uma grande quantidade de propagandas de remédios que prometem curas instantâneas para quase todos os males.
E nós mesmos nos utilizamos, de forma indiscriminada, dos medicamentos mais variados, sem a devida orientação médica.
Enquanto insistimos nas campanhas contra as drogas, as telas exibem novelas e filmes em que os ídolos aparecem fazendo uso do fumo e do álcool.
Enquanto falamos em inibir a prostituição, continuamos apelando para a exposição de corpos seminus, na divulgação de qualquer produto.
E embora insistamos na necessidade de conter a onda de violência que invade o mundo, os jogos, desenhos e filmes infantis violentos chegam facilmente às nossas crianças. Muitos de nós damos armas de brinquedo.
Enquanto apontamos os males da corrupção e da ganância, ensinamos aos nossos filhos, pelo exemplo, que o que importa é ter coisas em vez de cultivar as virtudes do ser.
Uma grande e incontestável inversão de valores.
Assim, de contradição em contradição, vamos teorizando acerca de um mundo melhor, esquecendo-nos de que é preciso ensinar na prática.
A exemplo do filhote de caranguejo, nossos filhos também desejam andar para frente, mas é preciso que caminhemos adiante deles, mostrando-lhes o rumo certo que devem seguir.
De nada vale lhes dizer que sigam por determinado lugar, enquanto insistimos em tomar caminhos diferentes, escusos. Eles, por nos amarem e confiarem em nós, seguirão sempre os nossos passos.
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Jesus, o Mestre dos mestres, não se contradisse em nenhuma circunstância.
Suas lições foram vividas e exemplificadas por Ele mesmo, em todos os momentos.
Ele, que era conhecedor das Leis maiores da Vida, sabia que a teoria convence, mas o exemplo arrasta.
Redação do Momento Espírita, com história do cap.
O caranguejo e sua mãe, de Esopo, de O livro das virtudes,
v. 2, de William J. Bennett, ed. Nova Fronteira.
Em 25.1.2018.
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