Grandes lições não são apanágio de pessoas ilustres, letradas, ou ocupantes de altos cargos.
Por vezes, são exatamente as pessoas simples que nos oferecem as mais profundas lições.
Em uma cidade do interior do Estado do Paraná, o funcionário da empresa de energia elétrica extraiu extraordinário aprendizado em um de seus dias de trabalho.
Um dia de trabalho como outro qualquer. Uma atividade que realiza de segunda a sexta-feira. Como ele mesmo confessa, algo que, muitas vezes, lhe corta o coração executar.
Como naquele dia em que chegou no barraco de madeira, onde morava uma mãe com seus três filhos.
Ele deveria cortar o fornecimento da energia elétrica da casa, porque a moradora estava em débito com duas contas.
A mulher, sentada num banco de madeira, rodeada pelas crianças, argumentou:
Sei que estou com duas contas atrasadas. Mas, recebo meu pagamento no dia nove e nesse dia, eu pagarei.
Hoje é dia nove, falou o funcionário, já com o coração doído por ter de deixar aquelas crianças sem luz.
Quando a noite chegasse, pensou ele, será que elas teriam medo do escuro? Será que ficariam todas ao redor da mãe, talvez dormindo juntas, na mesma cama?
Tentando ajudar, ele fez uma proposta: Vejamos, se a senhora pagar hoje, prometo que volto no final da tarde e faço a religação.
Enquanto encerrava a tarefa no seu tablet, uma das crianças se aproximou:
Moço, tem um real?
Um real! O rapaz colocou a mão no bolso. Nenhuma moeda. Encontrou uma nota solitária de cinco reais.
Estendeu para o menino e orientou: Você precisa repartir com suas irmãzinhas, tá bom?
O garoto balançou a cabeça positivamente e saiu, saltitando.
Crianças pedintes! – Pensou o rapaz. O que será delas, quando desde cedo se acostumam a pedir? Pobre infância!
Caía a tarde quando ele voltou. Conforme prometera, veio fazer a religação.
Mal estacionou sua camionete em frente ao barraco e a criançada correu ao seu encontro.
Moço, que bom que você voltou! – Gritou o menino, de nome Eugênio.
O profissional imaginou que a calorosa recepção era por conta da religação da energia elétrica. No entanto, o garotinho abriu sua pequena, suada e suja mão, mostrou uma nota de dois reais e exclamou:
Quero devolver o seu troco!
Que troco? – Disse o rapaz. O dinheiro era para vocês.
Ué, questionou o pequeno, não era um real para cada um?
* * *
Naquele instante, de forma simples e descontraída, Eugênio estava demonstrando um grande exemplo de honestidade e responsabilidade.
Em tempos de crise moral, em que parece que quase todas as instituições se mostram contaminadas, em que a corrupção é a tônica entre os poderosos, um menino de mãozinhas sujas alimenta a chama da esperança.
Nosso país tem jeito! Enquanto houver criaturas que se preocupam e se alegram por poderem devolver simples dois reais, depois de realizada a correta divisão, é de emocionar.
Isso nos confere a certeza de que a esperança está nas crianças, essas futuras gerações que se ensaiam para a vida.
São os cidadãos do amanhã, nossos irmãos, brasileiros!
Redação do Momento Espírita,
com base em fatos.
Em 27.12.2017.
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