Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos.

É aí que podem e devem exercer a sua força, porque o objetivo deve ser a libertação do pensamento das amarras da matéria.

Infelizmente, a maioria se afasta deste princípio à medida que a religião se torna uma questão de forma. Disto resulta que cada um, fazendo seu dever consistir na realização da forma, se julga quite com Deus e com os homens, desde que praticou uma fórmula.

Resulta ainda que cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por sua própria conta e, na maioria das vezes, sem nenhum sentimento de confraternidade em relação aos outros assistentes.

Fica isolado em meio à multidão e só pensa no céu para si mesmo.

Por certo não era assim que entendia Jesus, ao dizer: “Quando duas ou mais pessoas estiverem reunidas em meu nome, aí estarei entre elas.”

Reunidos em Meu nome, isto é, com um pensamento comum; mas não se pode estar reunido em nome de Jesus sem assimilar os Seus princípios, Sua doutrina.

Qual é o princípio fundamental da doutrina de Jesus? A caridade em pensamentos, palavras e ações. Mentem os egoístas e os orgulhosos, quando se dizem reunidos em nome de Jesus, porque Jesus não os conhece por Seus discípulos.

O isolamento religioso, assim como o isolamento social, conduz ao egoísmo.

Que alguns homens sejam bastante fortes por si mesmos, largamente dotados pelo coração, para que sua fé e caridade não necessitem ser revigoradas num foco comum, é possível.

Mas não é assim com as massas, por lhes faltar um estimulante, sem o qual poderiam se deixar levar pela indiferença.

Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembleias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos. É que a palavra religião quer dizer “laço”.

Uma religião, em sua acepção larga e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunhão de sentimentos, de princípios e de crenças.

*   *   *

Esta é parte do discurso de Allan Kardec, em 1o de novembro de 1868, face à comemoração do Dia dos Mortos.

Ele assim orientava porque é importante que as pessoas se reúnam em assembleias para unirem os pensamentos, para vibrarem em uníssono pelos amores que já partiram.

Aproveita também para lhes falar de como a doutrina dos Espíritos entende a palavra religião.

Não como culto, com hierarquias, dogmas e cerimônias externas mas, como laço que nos une em fraternidade, em comunhão de pensamento e que precisa ter sua base na mais pura caridade.

Que possamos verificar em nossa vida se a religião não se tornou apenas uma casca, uma conveniência social.

Independente da crença que tenhamos, procuremos fazê-la nossa ligação com o Criador, com as questões mais graves da existência.

Que ela possa ser nossa libertação das amarras da matéria.

Nossa alma necessita de transcendência para sobreviver, para não sucumbir ao desânimo, à depressão, à falta de sentido existencial.

Encontremos esse laço na religiosidade e na religião verdadeira. Uma ligação com a consciência cósmica, com o Pai. Ligação perene, constante, que não depende de local ou situação.

 Redação do Momento Espírita, com base no Discurso de Abertura
– O Espiritismo é uma religião?, da Revista Espírita, de Allan Kardec,
v. 11, de dezembro 1868, ed. FEB.
Em 11.9.2017.

 

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