Conta-se a respeito de um estrangeiro que, certa vez, entrou numa estação de metrô em Estocolmo, na Suécia.
Ele notou que havia, entre muitas catracas comuns, uma de passagem grátis e livre.
Curioso, questionou à vendedora de bilhetes o porquê daquela catraca permanentemente liberada, sem nenhum segurança por perto.
Ela explicou, com naturalidade, que aquela era destinada às pessoas que, por qualquer motivo, não tivessem dinheiro para o bilhete da passagem.
Com sua mente incrédula, estranhando a resposta, não conteve a pergunta que para ele parecia óbvia: E se a pessoa tiver dinheiro, mas simplesmente não quiser pagar?
A vendedora espremeu os olhos límpidos e azuis, num sorriso de pureza constrangedora, e respondeu, objetiva: Mas, por que ela faria isso?
Atônito, o estrangeiro pagou o bilhete e passou pela catraca comum, seguido de uma multidão que também havia realizado o mesmo procedimento que ele.
A catraca livre continuou vazia.
* * *
A honestidade é um valor libertador para um povo. É condição fundamental para que seja considerado civilizado.
Indagados os Espíritos superiores a respeito dos sinais pelos quais podemos reconhecer uma civilização completa, responderam:
Vós a reconhecereis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis melhor do que os selvagens.
Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram, e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade cristã.
Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que percorreram a primeira fase da civilização.
Fica evidente que estamos construindo uma civilização na Terra. Somos apenas povo esclarecido, na grande maioria.
A corrupção, a desonestidade, ainda desonram nossas sociedades. São vícios morais graves que nos têm trazido consequências desastrosas.
Queixamo-nos de nossos líderes afirmando que são incapazes, egoístas e inescrupulosos. Porém, esquecemos que são apenas amostra do povo que os elege, que os têm como representantes.
A conquista da civilização completa se dá dentro de cada um de nós, quando, individualmente, assumimos uma nova postura.
Se o outro não mudou, a responsabilidade e as consequências são dele. Se aguardarmos a transformação do outro para realizar a nossa, nunca sairemos do estágio moral onde ainda nos encontramos.
Como nação, seremos civilizados, quando cada um de nós, como indivíduo, assim se tornar.
Agir de acordo com o bem comum e não apenas em função do que é melhor para nós; respeitar os limites do nosso próximo e enxergá-lo como irmão de caminhada, são passos iniciais na construção dessa civilização plena por todos sonhada.
Construamos um ser civilizado em nós; depois, através do exemplo, edifiquemos uma família civilizada; essa família honrada, por sua vez, influenciará mais um tanto de pessoas que desfrutam de sua convivência salutar; e assim por diante, até regenerar o mundo todo.
O mundo se transforma, quando nós somos a transformação que desejamos ver nele.
Redação do Momento Espírita, com citação da
questão 793, de O livro dos Espíritos, de
Allan Kardec, ed. FEB.
Em 31.7.2017.
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