Narra uma lenda chinesa que no fundo de um poço pequeno, mas muito fundo, vivia um sapo.
O que ele sabia do mundo era o poço e o pedaço de céu que conseguia ver pela abertura, bem no alto.
Certo dia, um outro sapo se abeirou da boca do poço.
Por que não desce e vem brincar comigo? É divertido aqui. - Convidou o sapo lá embaixo.
O que tem aí? – Perguntou o de cima.
Tudo: água, correntes subterrâneas, estrelas, a luz e até objetos voadores que vêm do céu.
O sapo da terra suspirou.
Amigo, você não sabe nada. Você não tem ideia do que é o mundo.
O sapo do poço não gostou daquela observação.
Quer dizer que existe um mundo maior do que o meu? Aqui vemos, sentimos e temos tudo o que existe no mundo.
Aí é que você se engana, falou o outro. Você só está vendo o mundo a partir da abertura do poço. O mundo aqui fora é enorme.
O sapo do poço ficou muito chateado e foi perguntar a seu pai se aquilo tudo era verdade.
Haveria um mundo maior lá em cima?
O pai confirmou: Sim, havia um outro mundo, com muito mais estrelas do que se podia ver dali debaixo.
Por que nunca me disse? – Perguntou o sapinho, desapontado.
Para quê? O seu destino é aqui embaixo, neste poço. Não há como sair.
Eu posso! Eu consigo sair! – Falou o sapinho.
E pulou, saltou, se esforçou. O poço era muito fundo, a terra longe demais e ele foi se cansando.
Não adianta, filho. – Tornou o pai a dizer. Eu tentei a vida toda. Seus avós fizeram o mesmo. Esqueça o mundo lá em cima. Contente-se com o que tem ou vai viver sempre infeliz.
Quero sair! Quero ver o mundo lá fora! – Chorava o filhote.
E passou o resto da vida tentando escapar do poço escuro e frio. O grande mundo lá em cima era o seu sonho.
* * *
Um pobre camponês de apenas oito anos de idade não se cansava de ouvir esta lenda dos lábios de seu pai.
Vivendo a época da revolução cultural na China de Mao Tsé Tung, o menino passava fome, frio e toda sorte de privações.
Pai, estamos em um poço? – Perguntava.
Depende do ponto de vista. – Respondia o pai.
Mais de uma vez o garoto se sentia como o sapo no poço, sem saída.
Mas ele enviava mensagens aos Espíritos. Pedia vida longa e felicidade para sua mãe.
Pedia pela saúde de seu pai mas, mais que tudo, ele pedia para sair do poço escuro e profundo.
Ele sonhava com coisas lindas que não possuía. Pedia comida para sua família.
Pedia que o tirassem do poço para que ele pudesse ajudar seus pais e irmãos.
Ele pedia, e sonhava, e deixava sua imaginação o levar para bem longe.
Um dia, a possibilidade mais remota mudou de modo total o curso da sua vida. Ele foi escolhido entre centenas de camponeses e foi fazer parte de algumas das maiores companhias de balé do mundo.
Um dia, ele se tornaria amigo do presidente e da primeira-dama, de astros do cinema e das pessoas mais influentes dos Estados Unidos.
Seria uma estrela: o último bailarino de Mao Tsé Tung.
Li Cunxin saiu do poço.
* * *
Nunca deixe de sonhar! Nunca abandone seus ideais. Mantenha aquecido o seu coração e viva as suas esperanças.
O amanhã é sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!
Redação do Momento Espírita com base no cap.
3, do livro Adeus, China – O último bailarino de Mao,
de Li Cunxin, ed. Fundamento.
Em 18.7.2017.
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