Servir tem sido um verbo difícil de ser conjugado. Todos apreciam ser servidos.
Vê-se como as crianças apreciam que todos estejam ao seu serviço. Gostam de pedir as coisas e que essas lhes sejam dadas de forma rápida.
O Mestre Jesus, contudo, lecionou diferente. Quem quiser ser o maior, seja esse o servo de todos.
Na última ceia que fez com os discípulos, lavou os pés de todos, ante a surpresa deles.
Aquela era uma noite de despedidas e Jesus lhes deixou as mais belas lições de serviço ao próximo. Como se já não bastasse ter exemplificado durante seus quase três anos de vida pública.
No lago de Genesaré, nas estradas da Galileia, em casa de Pedro, na sinagoga, no templo, Ele serviu aos Seus irmãos.
Se observarmos bem, perceberemos que toda a natureza serve ao homem. Serve a chuva, serve o vento, serve a nuvem.
A semente enclausurada na terra, rebenta, brota e se transforma em árvore frondosa, servindo ao homem, dando-lhe sombra, abrigo, flores e frutos.
Os animais se esmeram por servir. Dão ao homem alimento, produzindo leite, ovos, carne. Envolvem-no nas noites de inverno, com suas peles e lãs.
Conduzem-no por ruas, praças e avenidas com segurança, quando o homem se apresenta desprovido de visão.
Aprendamos com a natureza. Aprendamos com Jesus.
Onde houver uma árvore para plantar, sejamos voluntários. Onde houver um erro a ser corrigido, coloquemo-nos à disposição para corrigir.
Onde houver uma tarefa que ninguém deseje, aceitemos e a desempenhemos com alegria.
Se houver uma pedra no caminho, não esperemos por outros. Retiremo-la nós mesmos.
Mas também nos disponhamos a retirar as pedras das dificuldades e o ódio dos corações.
Tenhamos em mente que não devemos fazer somente as coisas fáceis. É maravilhoso poder executar o que os outros se recusam a fazer.
Existem pequenas tarefas que são bons serviços: enfeitar uma mesa para a refeição; arrumar livros sobre a estante; colher flores e dispô-las no vaso; pentear uma criança; acomodar um idoso em seu leito.
O mundo é verdadeiramente belo porque há muito por fazer. Imaginemos como ele seria triste se tudo estivesse feito.
Se não houvesse uma roseira para plantar; uma iniciativa para tomar; uma cerca para pintar; uma casa para embelezar; uma criança para educar; um idoso para acarinhar; um amor para amar.
* * *
Servir é um verbo que se conjuga na comunidade. O primeiro tempo se inicia no ninho doméstico, entre as quatro paredes do lar. É o tempo presente.
Desde cedo, a criança aprende a servir, executando pequenas tarefas, sentindo-se responsável e útil.
O aprendizado prossegue com os vizinhos, os colegas, os amigos. É a conjugação do futuro.
Um animal a alimentar, um jardim para regar, uma árvore para podar.
Servindo sempre, estaremos dando o exemplo àqueles que nos são próximos.
Redação do Momento Espírita, com base no
poema O prazer de servir, de Gabriela Mistral.
Em 7.7.2017.
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