Momento Espírita
Curitiba, 27 de Novembro de 2024
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ícone Lenho seco

Vez ou outra, ante os embates da vida, ouvimos algumas observações descabidas. Sobretudo, brotadas de lábios habituados à pregação, ao estudo dos Evangelhos.

Somos aqueles que, por nos devotarmos a alguma obra assistencial, benemérita, por dispensarmos algumas horas da nossa semana ao trabalho em prol do próximo, nos cremos pessoas generosas, boas. Credoras, portanto, das benesses divinas.

Dessa forma, quando o desemprego bate à nossa porta, clamamos: Onde está Deus que não vê esta injustiça? Como pode Deus permitir que isto me aconteça? Afinal, não me dedico aos outros? Por que Deus não cuida de mim?

Quando a morte nos arrebata do convívio terreno um dos nossos afetos, entre lágrimas, exclamamos: Deus é injusto. Afinal de contas, faço tanto pelos filhos alheios. Por que Deus não cuidou daquele que eu amo e permitiu que a morte o roubasse de mim?

Quando a traição, a calúnia nos alcançam, em desespero gritamos: Por que Deus permite tal injustiça? Então não vê que estou dando o melhor de mim ao meu semelhante?

Ainda não aprendemos, em essência, a nos doarmos de forma integral. Ainda somos aqueles que realizamos o bem com esforço e desejamos ser vistos, aplaudidos, benquistos.

Esquecemo-nos de que o Mestre Jesus, na sua via dolorosa rumo ao Calvário, em se defrontando com as mulheres de Jerusalém a lhe lamentar a morte, falou acerca das tantas dores a que estariam sujeitos os homens.

Porque eis que virá tempo em que se dirá: ditosas as estéreis e os seios que não geraram, e os peitos que não amamentaram. Então começarão os homens a dizer aos montes: cobri-nos. Porque, se isto se faz no lenho verde, que se fará no seco?

A advertência de Jesus é significativa. Ele era o lenho verde. Pleno de flores e frutos. Abundante da seiva da paz. E o conduziram à morte.

Nós somos o lenho seco, carentes de virtudes e incipientes em sabedoria. Ainda não adquirimos o colorido do amor nem o perfume da tranquilidade. Apenas nos ensaiamos.

Imagem significativa a utilizada pelo Mestre de Nazaré. O lenho seco tem seus atributos.

É com o lenho seco que acendemos o fogo para aquecer os ambientes, as pessoas e cozinhamos o alimento.

É com o lenho seco, devidamente preparado, que erguemos as residências, abrigo para os seres humanos.

Somos o lenho seco. Temos utilidades. Servimos, no entanto, trazemos a herança do inverno das paixões de vidas já vividas.

Recebemos a reencarnação e a oportunidade de trabalho no bem para nossa edificação.

Contudo, tal condição não nos retira a carga de devedores da lei.

Assim sendo, reformulemos a conduta. Não reclamemos das dores que nos chegam. Nem desejemos para nós quaisquer privilégios.

O mestre, que era puro, recebeu a cruz do martírio, unicamente por lecionar o amor.

Por nossa vez, seus discípulos, temos uma larga folha de débitos a pagar. O sofrimento que nos alcança é justo, correto.

Em vez de lamentarmos, oremos ao Senhor para que nos dê forças, a fim de alcançarmos a palma da vitória e sigamos, resolutos, como quem sabe que ao final da jornada, Ele nos aguarda de braços abertos a nos dizer:

Vem, filho. Trabalhaste em minha vinha. Deste do teu suor. Pagaste os teus débitos. Entra no reino de meu Pai que desde muito tempo te está preparado.

Sirvamos com alegria aos nossos irmãos. Afinal, esta é a lei de amor, prescrita pelo Senhor e Mestre de todos nós.

Redação do Momento Espírita, com transcrição do
Evangelho de Lucas, cap. 23, versículos 29 a 31.
Em 26.5.2017.

 

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