O Evangelista Mateus, no capítulo seis, versículos dois a quatro de seu Evangelho, registra o sábio ensinamento do Mestre da Galileia:
Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade te digo que já receberam o seu galardão.
Mas, quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita.
Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará.
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Nascido em 1914, em um pequeno povoado da Toscana, Itália, Gino Bartali foi um dos maiores ciclistas de todos os tempos.
De origem pobre, chegou ao auge de sua carreira quando a Segunda Guerra Mundial se aproximava.
Nessa época, Benito Mussolini era o líder da Itália.
Em 1938, o Duce,como era conhecido o líder político, publicou um manifesto sobre a pureza da raça, o que levou muitos judeus a serem despojados de sua cidadania, cargos no governo e de diversos exercícios profissionais.
Gino Bartali, um católico devoto, foi convidado pelo então cardeal de Florença, Dom Elia Dalla Costa, para participar de uma rede secreta de proteção dos judeus que, por conta da ideologia do partido de Mussolini, corriam perigo.
A tarefa a ser desempenhada pelo atleta nessa missão foi completamente adaptada para os seus talentos: escondidos na estrutura metálica de sua bicicleta, ele levava fotografias para uma gráfica secreta que lhe entregava falsos documentos de identidade.
Numa época em que a circulação de pessoas era extremamente restrita, Bartali tinha livre trânsito, pois, consagrado por suas conquistas, era considerado um orgulho nacional.
Dessa forma, podia pedalar por todas as cidades italianas. E o fez. Passou por Florença, Lucca, Gênova, Assis e Roma.
Ao longo dos milhares de quilômetros percorridos, levou consigo documentos capazes de salvar a vida de incontáveis pessoas.
A nobre atitude do ciclista ficou no anonimato durante décadas. Aos poucos ele foi desvendando a história ao seu filho, Andrea Bartali. Todavia, o fez sob a promessa de que ele mantivesse segredo e discrição sobre o assunto.
Andrea, certa vez, perguntou ao pai o motivo pelo qual ele não podia contar a ninguém sobre aqueles atos heroicos.
Recebeu breve, mas grandiosa, resposta:
Meu filho, tu deves fazer o bem, mas não deves falar sobre isso. Se falares, estarás te aproveitando dos infortúnios alheios para teu próprio engrandecimento.
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O bem e a caridade são exercícios morais que devem ser praticados sempre e constantemente.
Todavia, ao realizá-los, guardemos o silêncio e nos coloquemos na posição de quem serve, de quem se doa.
Desse modo, logramos nos adiantarmos em nossa jornada de iluminação pessoal e não corremos o risco de humilharmos aqueles aos quais destinamos auxílio.
Se hoje ajudamos, é certo que amanhã seremos nós os ajudados. Todos precisamos uns dos outros.
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A obra do Pai Celestial em favor das criaturas se faz através das próprias criaturas.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com base na
biografia de Gino Bartali e no Evangelho de Mateus,
cap. 6, vers. 2 a 4.
Em 17.5.2017.
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