Leila saiu bem cedo para caminhar pelas ruas do bairro, como fazia todas as manhãs.
Levava apenas uma garrafa de água, pendurada numa bolsa a tiracolo. Não usava relógio, pulseira, colar, nada que atraísse a cobiça alheia.
Protegia-se do sol com um boné dourado, que a acompanhava há anos.
Naquela manhã, ao passar por uma alameda, viu um rapaz andando nervosamente em sua direção.
Pressentiu que algo aconteceria. Imediatamente, pareceu ouvir uma voz sussurrando: Você não está só. Confie.
A vida havia ensinado àquela senhora muitas coisas, entre elas, o valor da fé.
O rapaz a abordou, numa postura nada amigável. Mesmo assim, ela sorriu e disse Bom dia.
Ele mostrou a arma e mandou que ela entregasse tudo de valor que tivesse.
Serena, Leila mostrou que só carregava a bolsa de crochê com a garrafa d´água.
O jovem se irritou. Ela teve uma inspiração. Tirou o boné da cabeça e disse:
Este boné é valioso. Tem o poder de fazer aflorar o bem e o amor dentro das pessoas. Leve-o e use-o sempre. Ele vai iluminar seus pensamentos.
O assaltante, achando que ela estivesse debochando dele, estava a ponto de perder a paciência. Nisso, o barulho do portão de uma casa, que se abriu ruidosamente, o assustou. Ele agarrou o boné e saiu correndo.
Leila voltou para casa e se recolheu em prece. Agradeceu a Deus pela proteção recebida e pediu-lhe que amparasse aquele jovem que trilhava um caminho tão tortuoso.
Passou a orar por ele, diariamente. Pedia para que seus pensamentos fossem aclarados e que ele tivesse força e ajuda para mudar de vida.
* * *
Depois do assalto frustrado daquela manhã, Sidney não conseguia parar de pensar na idosa do boné dourado. A princípio, achou que fosse piada, mas percebeu que tudo mudara depois que ele passara a usar o boné.
Começara a ter pensamentos diferentes. Teve vontade de alterar o rumo da própria vida.
Uma noite, passou em frente a uma casa de oração. Entrou e ouviu a explanação de um trecho do Evangelho. Chorou muito. Identificou-se com o que tinha escutado.
Saiu renovado e desejou compartilhar aquilo com alguém. Mas quem?
Lembrou-se da senhora do boné. Na manhã seguinte, voltou àquela alameda na esperança de reencontrá-la.
Viu-a caminhando e foi, trêmulo, em sua direção. Levava o boné na mão.
Leila o reconheceu. O rapaz contou-lhe o que acontecera, pediu perdão e confirmou que o boné era mágico.
A senhora sorriu e revelou que o boné não tinha poder algum, que o poder de transformação sempre estivera nele mesmo. Simplesmente fora ativado pela força da fé.
Disse que orava por ele todos os dias, enviando-lhe pensamentos positivos. Portanto, o que tivera efeito sobre seus pensamentos foram as orações e a sintonia com o bem.
Sidney ficou assombrado com aquela revelação. Alguém fizera preces em sua intenção, acreditara no bem que havia em seu íntimo e o ajudara a desejar se modificar.
Grande poder da bondade, da prece e da vontade de auxiliar a outrem.
Redação do Momento Espírita.
Em 16.5.2017.
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