Certa noite, eu tive um sonho. Era garoto ainda e andava um tanto birrento com minha mãe. Afinal, em minha adolescência eu acreditava que ela era do contra.
Tinha muitos não para mim e isso fazia com que eu achasse que ela era uma grande chata.
No sonho que tive, encontrei meu anjo de guarda. Era um mensageiro de luz, com um sorriso bondoso e amigo.
Vem. – Disse-me ele.
Confiante, me entreguei em seus braços. Logo mais nos encontrávamos em pleno firmamento.
A beleza das estrelas me encantou. Cada uma tinha um brilho maior, mais especial do que a outra.
Não cabia em mim de tanta alegria e desejava que o passeio se alongasse até a eternidade.
Observei então que, entre tantas estrelas, havia um espaço vazio. É como se faltasse uma delas.
Não consegui suportar a curiosidade e perguntei ao mensageiro que me guiava:
Anjo bom, para onde foi a estrela que estava aqui?
Foi para a Terra. - Respondeu ele.
Como eu não a vi por lá? Jamais vi uma estrela na Terra. Elas vivem no firmamento.
Ela se dividiu em pedacinhos para cumprir a missão que Deus lhe confiou. – Explicou o anjo.
Quem é ela? - Perguntei, ardendo de curiosidade.
Ela é auxiliar de Deus, materializando a vida na Terra. É forte como um gigante. Contudo, tem a fragilidade de uma flor. Seu toque é suave e aveludado como as pétalas da rosa.
No seu coração, Deus colocou a força do Universo e o segredo da felicidade. É através de suas entranhas que a vida se renova. Pelo seu amor os mundos se modificam.
Portal da vida em que se transformou, acolhe com carinho em seu ventre os brutos e os santos, os sábios e os ignorantes, os justos e os injustos.
Em seu seio todos encontram acolhida. Ela tem a capacidade de brilhar por toda a noite. Quando chega o dia, deixa-se ofuscar pelo astro maior, o sol, em torno do qual gira a sua existência.
Para ela não há estação chuvosa. É sempre primavera em seu coração, embora possam soprar ventos da adversidade e se levantarem ondas de pessimismo.
Enquanto o anjo continuava a falar, fui tomado por uma sensação de queda e acordei nos braços de minha mãe.
Então compreendi. Ali mesmo, aconchegando-me ao seu coração, estava um pedaço enorme daquela estrela.
* * *
Enquanto na Terra os homens desejam ostentar medalhas no peito, uma mulher existe que se apaga para que possa aprender a brilhar o filho de suas entranhas.
Não importa a nacionalidade, a raça ou a crença religiosa, mãe é sempre alguém muito especial.
Alguém que ama sem esperar retribuição, educa sem aguardar salário e tem a incansável capacidade de repetir e reprisar lições centenas de vezes, até serem aprendidas pelo objeto do seu amor.
De todas as formas de amor que a Terra conhece, o amor materno é a mais sublime, por se constituir para a alma humana na mais grandiosa escala de doação e serviço.
Se temos nossa mãe ao nosso lado, aproveitemos para envolvê-la em um abraço de profunda gratidão.
Se ela já retornou para o mundo espiritual, ofertemos-lhe as perfumadas rosas da ternura do nosso coração, hoje, agora e em todos os dias da nossa existência.
Redação do Momento Espírita, com
base no texto Pedaço de estrela,
de autoria de Nelson Moraes.
Em 12.5.2017.
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