As aulas deveriam iniciar na próxima semana, o que preocupava muito aquele menino de seis anos.
Devendo ingressar na segunda série do ensino fundamental, ele adorava ir à escola. No entanto, não tinha o material necessário.
Bom, ele guardara algo que sobrara do ano anterior: um apontador.
Vivendo com a avó, de sessenta e sete anos, que supre as necessidades básicas como catadora de recicláveis, Gabriel estava triste por não ter nem um simples caderno ou lápis.
Naquela manhã, bem cedo, ele e a avó estacionaram o carrinho em frente ao depósito de recicláveis, esperando que abrisse, a fim de entregar o que tinham recolhido e ganhar alguns trocados.
O carrinho estava muito pesado: setenta quilos de ferro.
Gabriel se sentou na calçada, examinando uma mochila velha que encontrara pela rua. Ela tinha um furo no fundo, mas, ainda assim, o garoto pensou que, talvez, pudesse utilizá-la para ir à escola.
O que colocaria dentro ainda era uma incógnita porque o dinheiro que seria recebido deveria ir para a compra de alimentos.
Não demorou muito, a alegria de Gabriel se esvaiu quando puxou a alça da mochila e ela se rompeu. Inviável a sua utilização.
Dois jovens policiais que faziam a ronda matinal acharam estranho, tão cedo, aquela senhora e o menino ali parados.
Desceram do carro e se aproximaram.
E foi assim, conversando com ambos, que eles ficaram sabendo do drama de Gabriel, o menino que desejava ir à escola mas não tinha material.
Os jovens não tiveram dúvidas. No horário do almoço, que deveria ser o do seu descanso, aproveitaram para adentrar em algumas lojas do comércio local.
Seu objetivo: pedir doações. E, na papelaria tiveram uma surpresa. O comerciante, sensibilizado pela história que eles contaram, ofertou cadernos, livros, lápis, lápis de cor, borracha e uma maravilhosa mochila.
Eles poderiam ter parado por aí, mas decidiram continuar para dar algo mais ao sonhador Gabriel.
E conseguiram roupas, tênis, tudo novinho. Um pouco aqui, um pouco ali.
Assim, no dia de ir para a escola, lá estava o menino, de camiseta e shorts azul, tênis amarelo, mochila às costas, cheia de materiais.
Quando lhe perguntaram como estava se sentindo, ele sorriu, comentou que o shorts tinha até bolsos e falou: Muito lindo!
Mas, insistiu a pessoa, se você tivesse que dizer o tamanho da sua felicidade, qual seria?
Ele abriu os dois braços e alargou ainda mais o sorriso: Tantão.
* * *
A história de Gabriel, que virou reportagem televisiva, nos emociona.
Emociona por saber de brasileirinhos que desejam estudar, aprender e ainda enfrentam dificuldades. E pensar que tantos de nós nem valorizamos os anos dos bancos escolares.
Emociona por verificar a ação de dois policiais, que se sentem responsáveis pela comunidade que patrulham e vão além do dever.
Emociona por constatar como o ser humano é bom, em sua essência. Basta que saiba de uma necessidade e se prontifica a auxiliar, o que fizeram os vários comerciantes.
Isso nos diz como é fácil fazer o bem. Basta, por vezes, a iniciativa de uma ou duas pessoas, para alterar o estado de carência de outrem, para resolver um problema, para realizar o sonho de uma criança, para iniciar uma corrente do bem.
Maravilhosa essência de seres criados pelo amor do Pai, prontos para amar.
Redação do Momento Espírita, com base na
história do menino Gabriel, da cidade
de Rio Verde, Goiás.
Em 5.5.2017.
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