O horror da guerra se espalhava por sobre a Europa...
No início do outono de 1939, os nazistas tomaram a Polônia. Num vilarejo perto de Varsóvia viviam setecentos e sessenta e dois padres e irmãos leigos, no maior mosteiro do mundo.
Dentre os padres, um se destacou pela grandeza de sua alma e pelo amor ao Cristo. Seu nome: Maximilian Kolbe.
Os soldados de Hitler logo chegaram ao mosteiro. Frei Kolbe e os demais padres foram levados, mas logo retornaram ao mosteiro com uma condição: teriam que pregar somente o que Hitler ordenasse.
Deveriam manter os poloneses calados, ignorantes e embrutecidos. Mas Maximiliam Kolbe era um padre diferente. Continuou pregando o que sempre pregara: as lições de Jesus.
Não demorou muito e recebeu, secretamente, a informação de que seu nome constava na lista da Gestapo: estava para ser preso.
Kolbe não tentou fugir. Temia o que poderia acontecer com os seus irmãos, caso não estivesse ali, quando os soldados o buscassem.
Às nove horas da manhã do dia 17 de fevereiro de 1941, Frei Kolbe foi preso.
Após passar vários meses detido nas prisões nazistas, foi considerado culpado pelo crime de haver publicado materiais impróprios e recebeu a condenação: remanejamento para Auschwitz.
Logo que chegou ao campo de concentração, em maio de 1941, um oficial da SS informou-lhe que a expectativa de vida dos padres ali era cerca de um mês.
Frei Kolbe teve que se submeter ao trabalho forçado, aos maus tratos, à má alimentação, e a todo tipo de humilhações.
Numa manhã, um dos prisioneiros do Quartel 14 não estava presente à hora da chamada matinal. Havia fugido e não fora encontrado.
Como era costume naquele campo, para cada um que fugisse, dez morriam, em represália.
O comandante responsável dispensou os demais e ordenou que os prisioneiros do Quartel 14 se perfilassem. Era onde o padre Kolbe estava.
E, examinando um a um pelos dentes, como se fossem cavalos, mandava que os velhos e doentes dessem um passo à frente.
Um dos escolhidos não se conteve e gritou: Minha mulher e meus filhos, que irão fazer?
Tirem os calçados, gritou o comandante, ignorando o desespero daquele homem. Deveriam marchar para a morte descalços.
Frei Kolbe, desafiando o oficial, saiu de forma e adiantou-se até ele.
Alto! Gritou irado. O que quer este polonês comigo?
Eu gostaria de morrer no lugar de um condenado, respondeu Kolbe.
Por quê? - Indagou o comandante.
Porque estou velho e fraco, já não sirvo mais para coisa alguma.
Em lugar de quem você quer morrer?
No lugar daquele ali. - Respondeu o padre, apontando para o homem que, aos prantos, temia pela mulher e os filhos.
Pela primeira vez, o comandante olhou Kolbe nos olhos:
Quem é você? - Perguntou.
O prisioneiro, com brilho no olhar, fitou-o e respondeu: Sou um padre.
Um padre! – Riu, satisfeito. Olhou para o assistente e consentiu. Este riscou o número do pai de família e o substituiu pelo de Frei Kolbe.
Tirem as roupas. - Gritou o oficial.
Cristo morreu despido na cruz, - pensou Frei Kolbe, enquanto tirava a roupa. É justo que eu sofra como ele sofreu.
Do lado de fora do cubículo em que foram jogados para morrer de fome, se ouvia um cantarolar baixinho. Era o pastor generoso que conduzia os demais através das sombras do vale da morte.
Porque os prisioneiros não morressem, e outros condenados fossem ocupar o local, um médico foi chamado para aplicar-lhes injeção letal.
Frei Kolbe, qual esqueleto vivo recostado na parede, portava nos lábios um sorriso e, com os olhos fixos nalguma visão distante, estendeu o braço.
* * *
Deus, que é todo poder e bondade, jamais abandona Seus filhos.
Mesmo sob os céus cinzentos da guerra cruel, uma estrela luzia para iluminar a escuridão da ignorância e alentar os corações macerados pela brutalidade. Seu nome: Maximiliam Kolbe.
Redação do Momento Espírita.
Em 17.4.2017.
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