Ann tinha apenas dezesseis quando engravidou. Era uma época difícil. Seu pai estava desempregado e Richard, o namorado, um estudante sem recursos.
No sexto mês de gravidez, ela foi para uma instituição que abrigava mães solteiras.
Naquela noite gelada, ela saiu para andar. Desejava estar sozinha com a lua, as estrelas e seu filhinho prestes a nascer.
Mais tarde, quando foi levada para a maternidade, só pensava em que, em breve, poderia estar com ele nos braços e voltar para a casa dos pais.
Emocionou-se ao ouvir o choro do seu menino, que lhe foi apresentado, envolto em uma manta azul.
Era o dia onze de dezembro de 1953.
Para Ann, o seu era o bebê mais bonito do berçário e ela explodia de orgulho.
Mas, a situação não se modificara. A incerteza de poder ou não ficar com a criança começou a machucá-la. E isso afetou o menino.
Com onze dias, ele parou de se alimentar e precisou ser hospitalizado.
Então, Ann voltou para sua cidade, para rever os pais de quem estava separada, há três meses.
Sob cuidados, o garoto voltou a se alimentar. Quando, dias depois, ela telefonou, soube que ele fora enviado para um lar de crianças.
Ela protestou. Aquilo era injusto. Era o seu filho, o seu pequeno e ela o queria.
Nos três meses seguintes, Ann fez muitas viagens de ônibus para visitá-lo, planejando poder levá-lo para casa. Uma vez foi com sua mãe e outra com Richard.
Logo, tudo ficou muito claro: ela teria que desistir do filho.
Então, o visitou pela última vez. Pegou o bebê nos braços, abraçou-o, beijou-o e o acariciou muito.
Inalou seu cheirinho de recém-saído do banho, desejando reter isso em sua memória para sempre.
E lhe explicou, entre lágrimas, que precisava entregá-lo para adoção. A situação financeira dos pais estava ruim, o namorado ingressara na faculdade.
Olhou para ele e se despediu, dizendo: Eu te amo muito, meu filho. Tanto que nunca saberás. Eu te amarei até o fim dos meus dias.
Finalmente, orou a Deus pedindo que seu pequenino soubesse que era amado.
* * *
Por mais de meio século, ela não teve como saber se a sua prece fora atendida porque a adoção envolvia sigilo absoluto.
Anos depois, casou-se com Richard e tiveram três filhos. O desejo de reencontrar o seu bebê foi se intensificando. Onde ele estaria? Seria feliz? Viveria ainda?
Em 2007, ela encontrou o filho que buscava, intensamente, por sua família biológica.
Ele era um neurocirurgião, marido, pai de dois filhos de nove e dezenove anos.
O reencontro foi emocionante. Para Eben, o filho, foi a certeza de que sempre fora amado.
Para ela, a resposta à sua oração: Eben fora adotado por uma família maravilhosa, que o amara desde o primeiro momento.
Pais e irmãos compunham o seu universo familiar.
Quando Ann o abraçou, depois de cinquenta e quatro anos de distanciamento, ela pôde lhe dizer como ele sempre fora amado.
Para ele, foi a certeza de que havia um Ser, no Universo, que se importava com todas as Suas criaturas, na face da Terra.
Um Pai bom, que ouve as preces dos Seus filhos. Um Pai que cuida de cada um em particular.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 11, do livro
Uma prova do céu, de Eben Alexander III, ed. Sextante.
Em 1º.4.2017
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