O que efetivamente é permanente em nossa existência? O que vai durar para sempre?
Se esses questionamentos parecem fáceis de serem analisados em dias tranquilos, em dias tormentosos dificilmente eles nos chegam à mente.
Por isso, será sempre nos dias de calmaria que conseguiremos construir a certeza de que tudo é passageiro em nossas vidas.
Glórias, conquistas, tesouros, tudo se esvai com o tempo. Assim como dificuldades, dores, carências.
Atormentados com uns, iludidos com outras, comumente nos perdemos nos acontecimentos da vida, esquecendo-nos de que, efetivamente, isso tudo não é a vida em si.
Mikhail Bulgakov, escritor e dramaturgo ucraniano do Século XX, ao concluir seu romance O exército branco, escreveu:
Tudo passa – sofrimento, sangue, fome, peste. A espada também passará, mas as estrelas ainda permanecerão quando a sombra de nossa presença e nossos feitos se tiverem desvanecidos na Terra.
Não há homem que não saiba disso. Por que então não voltamos nossos olhos para as estrelas? Por quê?
Dessa forma reflexiona o escritor sobre as coisas do cotidiano, sobre como são efêmeras, como nada perdura.
E elege as estrelas como símbolo de permanência. Também como símbolo de sonho e da capacidade de olhar além dos problemas do dia a dia, essas coisas pequenas que, por vezes, nos atormentam tanto.
Essa deve ser a proposta da nossa vida: que passemos por suas lições, que aprendamos com elas, que guardemos para sempre em nossa intimidade o que de melhor elas possam nos ensinar.
Nenhum de nós é condenado pela Providência Divina a eternos suplícios, a dificuldades intermináveis.
Deus não nos castiga nem nos impõe severas punições desnecessárias.
Na verdade, todas as situações da vida têm um propósito e acontecem como boas oportunidades de aprendizado, sejam na alegria, nas conquistas ou na tristeza.
Se o sucesso, o dinheiro, a fartura se fazem presentes, em nossos caminhos, significam oportunidades de aprendermos parcimônia, justiça, empatia e generosidade.
Porém, se é a dor a nos alcançar, seu objetivo é que alimentemos a fé, a esperança, a paciência.
Se é a dificuldade financeira que nos encontra, exercitemos a perseverança, a coragem.
Se os conflitos familiares se fazem mais intensos, são momentos para exercitar um tanto mais a humildade, a compreensão, o entendimento.
Em todas as situações há aprendizado.
Não nos percamos com os excessos que nos chegam, pois tudo passa e eles se perderão, se dissiparão no tempo.
Tampouco nos martirizemos em demasia com as dores e dificuldades porque essas também logo mais nos deixarão.
Portanto, em momentos de felicidade ou de rudes dificuldades, olhemos para o Alto.
As estrelas nos afirmarão que tudo passa, tudo se desvanece com o tempo; que somente permanecem as lições construtivas, diante das quais tenhamos tido a boa vontade de aprender ao longo da nossa jornada terrena.
E que esses aprendizados constituirão as verdadeiras e perenes estrelas que iremos colecionando, no mais profundo da alma, a fim de evoluirmos.
Por enquanto, olhemos as estrelas que nos iluminam as noites e prossigamos caminhando, firmes, aprendendo sempre, enquanto espalhamos as nossas próprias e pequeninas luzes pelas veredas da Terra.
Redação do Momento Espírita.
Em 31.3.2017.
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